As Sagradas Escrituras revelam alguns dos seus personagens sofrendo com doenças. Afinal, para Deus nos curar, antes é preciso estar doentes.
O Salmo 103.3 (ARA) diz: “Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades”. Isto quer dizer que, primeiro surge a doença, depois o Médico dos médicos vem com a cura divina. Enfim, o mundo em que vivemos é cheio de contradições impostas pelo pecado. E uma delas é a doença.
Não adianta querer pregar que o servo de Deus nunca ficará doente ou que todas as doenças são frutos do pecado pessoal.
Pelo contrário, é fato e verdade que muitos que pregavam esta “teologia” chegaram até mesmo a morrer de câncer, problemas do coração, tumores e até mesmo de AIDS.
Existe muita hipocrisia por trás daqueles que pregam ensinos sobre saúde sobrenatural. Não devemos generalizar um fato isolado, transformando-o em confissão de regra de fé e prática. Entrementes, a cura não é uma regra, mas um dos “sinais” (Lucas 4.25-27; João 5.3-5; 9.1-3).
Dizer que aquele que não goza de boas condições de saúde está em pecado ou que tem pouca fé, faz com que o doente se sinta o mais desprezível ser do mundo. Poucas são as pessoas que conseguem entender que este ensinamento é anti-bíblico.
Ensinar que o crente não pode ficar doente, e se fica, é porque não é crente, é negar a humanidade do “ser humano”, é crer no mito do “super-crente”. É cair na desgraça de pensar que não é homem, mas “super-homem”. É acreditar naquilo que Jesus não quis ser. Pelo contrário, Cristo diz ser o Filho do Homem. “Bom mesmo é ser gente, ser homem” (Caio Fábio).
Veja agora alguns exemplos bíblicos de pessoas que padeceram enfermidades:
1. Jó: O livro de Jó deixa claro que existem sofrimento e enfermidade imerecidos. Mostra que existem doenças que não fomos nós mesmos que a desenvolvemos e cuja origem nem sequer podemos sondar e desvendar. O pano de fundo desse livro expõe que Jó não pode ser culpado e apontado pela sua grave doença. A sua condição é consequência de um desafio que o Diabo faz a Deus. A doença deveria colocá-lo à prova. O Diabo pensa que, assim, Jó iria abandonar a Deus. Porém, para aquele homem, assim como para nós hoje, quando passamos por situação similar, esses motivos não ficam evidentes. Jó tem apenas uma certeza: tanto a dor como a felicidade vêm da poderosa mão de Deus.
2. Jacó: Mesmo com a vida cheia de vitórias e bênçãos, o patriarca morreu de uma enfermidade (Gênesis 48.1-33).
3. Eliseu: Homem muito usado por Deus de maneira incomparável, morreu de uma enfermidade física (2 Reis 13.14-21).
4. Paulo: A estada do apóstolo na Galácia foi devido a uma enfermidade física: “E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física” (Gálatas 4.13, ARA).
5. Timóteo: Paulo fala de Timóteo, referindo-se a ele como alguém suscetível a frequentes enfermidades: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Timóteo 5.23, ARA).
6. Epafrodito: O companheiro de Paulo andou todo o processo gradual de aproximação da morte e saiu de lá lentamente, após um tempo natural de recuperação: “Julguei, todavia, necessário mandar até vós Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro, vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas necessidades; visto que ele tinha saudade de todos vós e estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, tanto mais apresso em mandá-lo, para que, vendo-o novamente, vos alegreis, e eu tenha menos tristeza” (Filipenses 2.25-28, ARA).
7. Trófimo: Paulo deixou Trófimo doente em Mileto: “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Timóteo 4.20, ARA).
O Reverendo Augustus Nicodemus Lopes diz que “Esses e outros exemplos poderiam ser citados para mostrar que homens de Deus, fiéis e santos, foram vitimados por doenças e enfermidades”.
O teólogo Paulo Romeiro fala sobre Joni Eareckson Tada que alcançou fama mundial depois de sofrer um trágico acidente. Em consequência dele, teve de aprender a viver numa cadeira de rodas e a pintar usando a boca. A maior contribuição que Joni tem dado ao mundo, diz Romero, é o seu testemunho de fé. Diz Joni sobre o materialismo cristão: “A essência do Evangelho não é a saúde, nem a prosperidade nem a felicidade, mas a submissão a Cristo”. Infelizmente, alguns se preparam somente para a saúde e se esquecem de se prepararem para as doenças, que poderão vir, às vezes, de forma inesperada.
A verdade é que mesmo em um corpo enfermo, descobrimos que existe “Alguém muito maior”, que pode nos dar forças e ânimo, antes desconhecidas, ajudando-nos a ganhar novas perspectivas para a vida: Deus.
Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim
(Extraído do livro "Quando Deus Decide Não Curar").
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