Em 1876, Don Capricio, bispo católico romano, ministrava a palavra inicial na convenção regional hospedada em Taranto, sul da Itália, quando afirmou que “A Missio Dei, pela sua supremacia bíblica, dispensa a Missão da Igreja. Somos apenas contempladores das maravilhas do Deus que faz”. Apesar da ênfase deísta, esta teoria é contestada. Teoria esta que se apoderou etogenicamente da consciência cristã pós-moderna. A Igreja não é um membro contemplativo do Reino de Deus, excluída da Missio Dei e chamada a ser exangue, alienada, sem vida e sem paixão. Ela é parte do projeto de redenção escrito pelo Senhor para a salvação de todo aquele que crê. Don Capricio, entretanto, não se distancia muito da irregular tendência cristã atual, que tenta incluir-se nas bênçãos do Evangelho e auto-excluir-se de sua prática: a antibíblica vontade de ver a terra arada sem pôr as mãos no arado, e de pregar o Evangelho sem crer na possibilidade do sacrifício.
O Autor, Realizador e Consumador da missão é o Deus Trino. O centro da missão é o próprio Deus, pois Ele é um Deus Missionário. Assim, a visão que a Igreja deve ter é a visão que a missão é da Trindade. Ela é a verdadeira protagonista da missão. A Igreja é coadjuvante. Ela não tem missão própria. Por sua graça, Deus a inclui na sua missão. Nesta missão a Igreja não está sozinha. Jesus não a deixou órfã. O Pai e o Filho enviaram o Espírito à Igreja para garantir o sucesso da Missio Dei. Assim, a Igreja deve proclamar o Evangelho em cada geração, sem discriminação racial, social ou cultural para a glória de Deus.
Devemos rogar ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.38).
O mundo precisa de melhores apologetas, mais profetas, bons pastores, mas a nossa oração deve ser que, sobretudo, Deus mande mais e melhores missionários aos campos não alcançados, sejam próximos ou distantes.
Sem fidelidade da nossa parte nenhuma obra missionária pode prosperar. Missão é a chamada para anunciar o senhorio de Jesus Cristo. Uma igreja que tem visão missionária é, antes, uma igreja que proclama a glória de Deus. É uma igreja que legitimamente glorifica a Deus, que ama, que está voltada para fora de si mesma, que expressa a todos os demais o amor redentor de Deus de forma concreta, visível e vivencial.
Deste modo, nas Escrituras Sagradas, é Deus quem atribui aos homens o desempenho e o poder de levar Sua mensagem ao mundo. A missão acontece quando a Igreja sai de si, indo além de sua vida interna, e testemunha o Evangelho ao mundo.
Deus determinou os seus servos não só para encontrar, mas para trazer de volta a Ele os que se haviam perdidos. Só é missão quando:
1. A ovelha que se desviou volta para o rebanho (Lc 15.3-7);
2. Quando os convidados do grande Rei estão sentados à mesa do banquete (Mt 22.1-14);
3. E quando o filho que se distanciou se encontra reintegrado na família (Lc 15.11-32).
A Igreja foi criada para glorificar e anunciar a glória de Deus. Existi para Deus. A principal missão da Igreja, portanto, não é a evangelização, nem filantropia; mas a adoração ao Senhor. E a chave para a verdadeira adoração não é o homem, mas Deus. Esta adoração é uma realidade vivencial. Não é um tempo reservado para Deus, mas tudo para a glória de Deus. O apóstolo Paulo diz: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
A Igreja tem como missão ser. Ela é. Tudo que ela faz por palavras e ações são para a glória de Deus. Ela não existe para si e nem para o mundo. Ela existe para a glória de Deus. A missão dela é Deus. É promover a Sua glória.
Qual é a missão da Igreja? A resposta está numa única palavra, que na verdade é tudo: Deus.
Fica uma indagação: Como pode a Igreja querer servir ao Senhor da glória e ignorar as multidões que não estão glorificando o Senhor?
Para a glória de Deus, a Igreja deve proclamar o Evangelho aos pecadores.
Soli Deo Gloria.
Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.
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