sábado, 3 de março de 2012
Missio Dei – Missão de Deus
As Escrituras Sagradas são claras e objetivas quando mostram que Deus está interessado na humanidade caída e vai ao seu encontro. O ser humano pós-queda não deu um passo sequer em direção a Deus. Deus é quem vem ou providencia seus enviados como mediadores, procuradores. Deste modo, o conceito de Missio Dei deve ser entendido como a origem, a motivação e o modelo de missão que está centrado em Deus e em sua natureza. George W. Peters cita Douglas Webster: “Nós começamos, então, onde a missão começa: com Deus”. Peters continua: “Apenas tal declaração faz justiça à alegação bem sustentada de Georg F. Vicedom de que a missão é Missio Dei”. Ou seja, a missão é um dos atributos pessoais de Deus. Isto significa que do início ao fim a missão cristã é a Missão de Deus, e não do homem. Assim, há a necessidade desesperada de que se busque uma teologia de missão que não seja antropocêntrica ou eclesiocêntrica (ou agenciocêntrica), mas teocêntrica. Missão é uma obra essencialmente de Deus. A universalidade do plano e da mensagem de Deus começa a aparecer em Gn 1.26-30. Como disse Thomas Reginald Hoover: “Há muitas referências ao plano universal de Deus no Antigo Testamento, mas as poucas que temos considerado demonstram além de qualquer dúvida que o Deus do Antigo Testamento é um Deus Missionário”. Vemos em Gênesis, pela primeira vez, que Deus é um Deus Missionário: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Deus foi o próprio Missionário ao se auto-enviar e anunciar a boa notícia no Éden. Depois o Deus Missionário enviou o seu único Filho para buscar e salvar o perdido: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). No texto bíblico citado diz que Deus deu Jesus ao mundo. O verbo “dar” neste sentido, não é meramente uma determinada pessoa abrir a mão e oferecer alguma coisa a outrem. Antes, é dar ou ofertar uma dádiva preciosa para alguém que não merece, sem impor o recebimento de alguma coisa em troca ou barganha. Foi exatamente o que Deus fez: ofereceu o seu Filho amado para resgatar o homem que se havia se afastado completamente dEle. Para entender sobre missão é preciso partir deste princípio: Deus deu o seu Filho e o próprio Filho se deu para salvação dos eleitos. Estudando as Escrituras Sagradas, entendemos, portanto, que Deus é um Deus Missionário. Ele enviou muitos missionários com tarefas específicas: 1. Deus enviou José para salvar Israel da fome: “Diante deles enviou um homem, José...” (Sl 105.17); 2. Deus enviou Ananias a Saulo: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista, e fiques cheio do Espírito Santo” (At 9.17); 3. Deus é quem manda trabalhadores para a Sua seara (Lc 10.2; Mt 9.37,38); 4. Deus enviou o seu próprio Filho para resgatar os pecadores arrependidos (Jo 3.16). Quando olhamos para o Deus Pai só podemos vê-Lo como a única fonte da missão. De Deus procede e resulta a missão. É Deus quem, de fato, envia. Deus tem compaixão do pecador: “Em toda a angústia deles foi ele angustiado” (Is 63.9); Deus deseja que todos sejam salvos. O amor de Deus não conhece limites: “o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4); Timóteo Carriker expressa: “Portanto, ‘missão’ é uma categoria que pertence a Deus. A missão, antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra toda atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária. Se a missão é de Deus, então é dEle que a igreja deve depender na sua participação na tarefa. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de oração para a capacitação missionária, uma dependência confiante em Deus, em vez da independência característica da queda, do dilúvio, da torre de Babel e do próprio cativeiro. Por outro lado, se a missão é de Deus, temos a segurança de que é Deus quem está comandando a expansão do seu reino, nos seus termos, e isto nos dá plena convicção de que ele realizará os seus propósitos”. Seguindo o esboço de Betty Bacon, o plano-mestre de Deus para a missão é: 1. Deus o elaborou “antes da fundação do mundo”: “... do cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8); 2. Deus o centralizou em Jesus Cristo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19); 3. Deus leva ao máximo da história mundial: “será pregado este evangelho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14); 4. Deus toma as iniciativas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.16,17); 5. Deus usa instrumentos para executar o Seu plano grandioso: a) Todas as coisas (Sl 19.1-2); b) A história e cultura de todos os povos (Am 9.7; At 17.26,27; Ap 21.24); c) Seu Filho (Jo 3.16,17); d) Seus servos (1Pe 1.21; Sl 68.11; Mt 21.15,16); e) Sua Palavra (Jo 17.8; At 6.2; 2Tm 4.2). Roger Greenway fazendo menção do missiólogo Francis M. Dubose, diz que o mesmo afirma que a figura bíblica do verdadeiro Deus é comparada à de um grande e contínuo “Enviador”. Assim, missão é a objetivação do propósito eterno e benevolente de Deus que se origina em seu ser e caráter. Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim.
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