quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Sustento Missionário, Um Sacrifício Financeiro

“Se Deus quer a evangelização do mundo, mas te recusas a sustentar as missões, então opões-te à vontade de Deus.” Oswald Smith INTRODUÇÃO A Bíblia diz que a contribuição não é um peso, mas uma graça. Graça é um dom imerecido: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (2Co 8.1). A contribuição não é somente alguma coisa que apresentamos a Deus, porém, principalmente, uma graça que Deus concede a nós. Deus nos dá o privilégio de sermos parceiros no grande projeto de evangelização do mundo e assistência aos santos. A contribuição é uma semeadura e o dinheiro é uma semente. A sementeira que se multiplica é a que semeamos e não a que comemos. Quando semeamos com abundância, colhemos com abastança: “E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” (2Co 9.6). 1. A DIFICULDADE MISSIONÁRIA DA IGREJA: Alguém disse que os jovens gastam mais com refrigerantes do que com a obra missionária, que as mulheres gastam mais com cosméticos do que com a obra missionária, que os homens gastam mais com sua bebida preferida ou seu esporte favorito do que com a obra missionária e que muitos gastam mais com o veterinário do seu cãozinho de estimação do que com a obra missionária. A dificuldade missionária da igreja não é carência de recursos, mas de uma mordomia, administração, certa dos recursos financeiros dados pelo Senhor. 2. DOIS OBSTÁCULOS POSTOS NA OBRA MISSIONÁRIA: Segundo Arival Dias Casimiro, sempre que uma igreja local é chamada para investir em missão dois obstáculos são postos: 1. “O que arrecadamos é pouco e mal dá para atender às nossas necessidades”. 2. “A nossa igreja é pobre e não tem recursos para investir em missão”. Biblicamente falando, não há qualquer base para estes dois argumentos. Quando o Espírito Santo age em uma igreja local as finanças da mesma são apreciadas puramente para demonstrar o amor de Deus por meio do auxílio aos necessitados: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum... Porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (At 4.32,34,35). É o Espírito de Deus quem desperta a solidariedade na igreja. Lembremos que Ele não precisa de dinheiro para agir. Não é Deus quem precisa de dinheiro. Nós é que recebemos bondosamente a graça de poder contribuir para o Reino de Deus. Deus é o Dono dos nossos bens, por conseguinte, Ele independe dos nossos recursos materiais. O problema que existe hoje é que somos diferentes dos cristãos do primeiro século. Na Igreja Primitiva os crentes contavam o testemunho assim: “Antes de sermos cristãos tínhamos casas e fazendas, e agora que somos convertidos a Cristo vendemos tudo e distribuímos aos pobres”. Hoje em dia, o que falamos é o oposto: “Antes de sermos cristãos não tínhamos casa nem carro, agora que somos crentes temos casa e carro”. O testemunho que deve ser proclamado é o da mensagem da cruz, o Evangelho de Deus. 3. A IMPORTÂNCIA DE CONTRIBUIR PARA O SUSTENTO MISSIONÁRIO: É triste ouvir testemunhos de missionários que estão passando necessidades por negligência e descuidos de alguns que se dizem serem filhos de Deus. No entanto, são mercenários que roubam a Deus. Também é uma aflição vê o dinheiro ser gasto com e em coisas supérfluas. Sabemos que os dízimos e as ofertas são para manterem a casa do tesouro (os obreiros) e não para construir “palácios e castelos”, sendo que todos eles serão destruídos e que Deus não habita neles, mas, nos seres humanos . Segundo At 20.35 todo missionário deve ser o primeiro a ofertar, todo contribuinte na obra missionária é abençoado e todo recurso ofertado deve ser aplicado para suprir necessidades: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”. Apesar da negligência de alguns, Deus ainda providencia os recursos necessários para o sustento da obra missionária. A obra de Deus não para. Ela avança. 4. DEUS PROVIDENCIA OS RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A OBRA MISSIONÁRIA: Deus é tão gracioso que quando a igreja vive em obediência missionária, investindo em missão, Ele providencia os recursos materiais necessários: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Fp 4.18-20). Assim, Paulo demonstra que o poder que atua com eficiência na igreja é o poder do Espírito Santo e não do dinheiro. Aqui está um alerta: Deus julga nossas ofertas pela nossa motivação e não pela soma ofertada. Portanto, tenhamos cuidado com a maneira como ofertamos a Deus (ver At 5.1-11). 5. O SUSTENTO MISSIONÁRIO DE PAULO: O apóstolo Paulo nos motiva a contribuir para a obra de Deus: a) Mesmo quando as circunstâncias estão difíceis: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” (2Co 8.1,2); b) Pela graça de contribuir: “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos” (2Co 8.3,4); c) Seguindo o exemplo de Jesus (ver 2Co 8.5-9); d) Pela fé (ver 2Co 8.13-24). Agora, analisemos o sustento missionário de Paulo: a) Empregou-se de uma profissão alternativa (fazedor de tendas) para alçar o seu sustento para não escandalizar os irmãos de Corinto. Hoje, “fazedor de tendas” é o nome que se dá aos profissionais liberais que são enviados como voluntários para oferecerem serviços sociais às populações necessitadas nos países onde ser cristão ainda é crime. É uma solução usada para colocar legalmente um missionário num país desses; do contrário, ele nunca poderia ser aceito; b) Paulo e Barnabé foram enviados pela igreja de Antioquia e esta deve tê-los sustentado (ver At 13.1-4); c) Paulo afirma que recebeu ajuda da igreja filipense: “pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora” (Fp 1.5; ver 4.15-18); d) Paulo expõe que recebeu igualmente ajuda de outras igrejas macedônias: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (2Co 8.1-3); e) Paulo estimulou a igreja dos coríntios a contribuir: “o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós” (2Co 8.6); f) Paulo pensava que a igreja de Roma pudesse ajudá-lo em seu trabalho missionário na Espanha (Rm 15.2-24). Observemos, agora, o sustento financeiro em Filipenses 4.10-20. Lendo esta referência bíblica notaremos os princípios de contribuição financeira para a igreja. Lembremo-nos de que os irmãos filipenses se mostraram tão generosos, em seu apoio financeiro, que o missionário Paulo tinha tudo com abundância: a) A igreja deve estar associada ao missionário: “Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros” (14,15). b) A igreja deve cuidar e suprir as necessidades do missionário: “porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades” (16). c) A igreja deve entender o princípio financeiro de Deus: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (19). d) A igreja deve saber que a oferta missionária agrada a Deus: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus (18). e) A igreja deve saber que a oferta missionária resulta em glória a Deus: “Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (20). 6. PADRÕES GERAIS DE SUSTENTO MISSIONÁRIO EM ALGUNS PAÍSES: Observemos agora alguns padrões gerais de sustento missionário em outros países citados pelo missionário Ronaldo Almeida Lidório: a) No noroeste africano as pequenas igrejas tribais plantam campos de arroz coletivamente. Quando 5 ou 6 campos são plantados eles separam o melhor deles para “missões”. O arroz produzido naquele campo é vendido e enviado a crentes que habitam em outras tribos com o intuito de levar ali o Evangelho. b) No sul da Índia há o costume de famílias de missionários serem “adotadas” por um grupo de famílias de uma determinada região que os sustentam de acordo com o seu padrão médio de vida. c) Na China vários crentes separam uma árvore em seu pomar, um dia de trabalho por semana ou uma galinha em seu galinheiro cujo lucro é destinado ao trabalho missionário. d) Na Indonésia algumas aldeias criaram o “dia da oferta” e todos naquele dia trazem parte da colheita a fim de enviarem aos seus missionários. e) Em Portugal uma pequena igreja no Porto desenvolve um projeto escolar no templo ajudando a comunidade local e destinando o lucro para o sustento de projetos missionários nacionais e transculturais. f) Algumas igrejas coreanas defendem a tese de que, havendo fidelidade nos dízimos, a igreja local ver-se-á sempre em condições de sustentar condignamente a obra missionária proposta. 7. COMO DEVEMOS CONTRIBUIR PARA A OBRA MISSIONÁRIA: Lendo as cartas de Paulo aos coríntios veremos que devemos contribuir para a obra de Deus com: a) Alegria: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9.7). b) Proporcionalidade: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1Co 16.2). c) Regularidade: (ver acima 1Co 16.2). d) Sacrifício: “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (2Co 8.3-5). 8. FAZENDO O MAIOR INVESTIMENTO DO MUNDO: Contribuir para missão é fazer o maior investimento do mundo, é ajuntar tesouros no céu: “mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.20). Precisamos contribuir para a obra missionária, afinal, “os que anunciam o evangelho que vivam do evangelho” (1Co 9.14). Missão é tarefa da igreja, portanto, devemos investir tudo o que somos e tudo o que temos na evangelização dos pecadores. Se não for assim, não estamos crendo que seja essa a tarefa da igreja. Se amamos as pessoas que não têm Jesus, precisamos contribuir para missão. Alguém disse: “Podemos dar sem amar, porém não podemos amar sem dar”. É pasmoso pensar, e muito menos aceitar, a triste e deprimente realidade de que os crentes brasileiros gastam mais com Coca-Cola do que com aquilo que dizem acreditar: Missão. Hudson Taylor disse: “A obra de Deus, feita segundo a vontade de Deus, no tempo de Deus, tem os recursos de Deus”. Mas é lamentável que ainda não estamos usando o potencial que temos como igrejas para o sustento de nossos missionários. Precisamos despertar para a sustentação financeira da obra missionária. O apoio financeiro de missões deixará de ser um problema quando a paixão pelos perdidos arder no coração da Igreja. Russel Shedd afirma: “O envolvimento das igrejas do Brasil em missões é ainda pequeno. No Congresso Brasileiro de Missões 1993 foi afirmado que a contribuição de cada crente era R$1.30 por ano. Temos em torno de um missionário para 10.000 crentes. Este quadro mudará radicalmente se Deus nos der uma visão nova que levantará centenas de candidatos para a obra transcultural. O temor que não teremos dinheiro suficiente para nossas necessidades locais para abençoar as nações evaporará. O temor que os nossos jovens não terão a coragem e perseverança para enfrentar os desafios tremendos que o missionário transcultural tem de enfrentar desaparecerá. O temor que o alto custo do envio e manutenção de obreiros não trará um retorno compensador entre os povos não-alcançados esvanecerá. O temor dos pais de orar para que seus filhos se ofereçam para missões diminuirá. Em fim, a promessa feita a Abraão e repetida por Jesus se cumprirá e Ele voltará para galardoar os seus destemidos servos”. CONCLUSÃO Portanto, o que se pode concluir é que: 1. O sustento financeiro de missão é uma responsabilidade básica e contínua das igrejas locais em todo lugar. 2. Que os missionários não devem ter que “implorar” por apoio, pois esta atividade deve ser natural da igreja local. 3. O sistema de apoio deve permitir que os missionários utilizem o máximo de seu tempo e energia no trabalho missionário e todo trabalho missionário é “uma obra de fé”, do começo ao fim. 4. Todo cristão deve ser um ofertante fiel na obra missionária. 5. Toda oferta deve ser vista como um privilégio da graça de Deus. 6. Deus não precisa da minha oferta, mas sou eu que preciso contribuir. 7. Generosidade nasce em momentos de escassez. 8. A maneira bíblica de aumentar a arrecadação da nossa igreja é investindo em missões. “Contribui de acordo com tua renda para que Deus não torne a tua renda segundo a tua contribuição.” Peter Marshall Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim. www.lucianopaeslandim.blogspot.com Bibliografia A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Casimiro, Arival Dias. (2009). Plante Igrejas: princípios bíblicos para plantação e revitalização de igrejas. Santa Bárbara d’Oeste, SP: SOCEP Editora Editora Cristã Evangélica. Missões, o Grande Desafio Continua. (Ano XXIV, Nº 2). São José dos Campos, SP. Fábio, Caio. (1997). Uma Graça Que Poucos Desejam. Rio de Janeiro, RJ: VINDE. Lidório, Ronaldo Almeida. (2007). Restaurando o Ardor Missionário. Rio de Janeiro, RJ: CPAD. Murray, Andrew. (1999). A Chave do Problema Missionário. Camanducaia, MG: Editora Missão Horizontes. Nasser, Antonio C. (2004). A Igreja Apaixonada Por Missões. São Paulo, SP: Abba Press. Prado, Oswaldo. (2001). Do Chamado ao Campo. São Paulo, SP: Editora Sepal. Queiroz, Edison. (1998). Administrar Missões. São Paulo, SP: Vida Nova. _____________ (1999). A Administração das Finanças na Obra Missionária. Curitiba, PR: Editora Descoberta. _____________ (1999). O Melhor Para Missões. Curitiba, PR: Editora Descoberta. _____________ (2009). A Igreja Local e Missões. São Paulo, SP: Vida Nova. Revista Educação Cristã. (Volume X). A Igreja Local e Missões. Santa Bárbara D’Oeste, SP: SOCEP.

Um comentário:

  1. Precisamos acordar! que o Espirito santo nos direcione!

    Abraços Reverendo!

    Washington Pádua.

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Comentários:

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