quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Missio Dei - O Caráter Missionário de Deus (Atualizado)


A Bíblia é clara e objetiva quando mostra que Deus está preocupado com a humanidade caída e vai ao seu encontro. O homem após ter caído (Gn 3) não deu um passo sequer em direção a Deus. Deus é quem vem ou providencia seus enviados como medianeiros, procuradores. Deste modo, o conceito de Missio Dei deve ser percebido como a procedência, a motivação e o padrão de missão que está centralizado em Deus e em sua natureza. O que se pretende aqui é voltar ao conceito da Missio Dei como sendo o pressuposto básico para toda a missão, desde as motivações e vocação até os programas e estratégias adotadas pela igreja.

George W. Peters cita Douglas Webster:

“Nós começamos, então, onde a missão começa: com Deus”.

Peters continua:

“Apenas tal declaração faz justiça à alegação bem sustentada de Georg F. Vicedom de que a missão é Missio Dei”.

Ou seja, a missão é um dos atributos pessoais de Deus. Isto significa que do início ao fim a missão cristã é a Missão de Deus, e não do homem. Assim, há a necessidade desesperada de que se busque uma teologia de missão que não seja antropocêntrica (o homem no centro) ou eclesiocêntrica (a igreja no centro) ou agenciocêntrica (a agência no centro), mas teocêntrica (Deus no centro). Missão é uma obra essencialmente de Deus.

A universalidade do plano e da mensagem de Deus começa a aparecer em Gn 1.26-30. Como disse Thomas Reginald Hoover:

“Há muitas referências ao plano universal de Deus no Antigo Testamento, mas as poucas que temos considerado demonstram além de qualquer dúvida que o Deus do Antigo Testamento é um Deus Missionário”.

Vemos em Gênesis, pela primeira vez, que Deus é um Deus Missionário: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Deus foi o próprio Missionário ao se auto-enviar e anunciar a boa notícia no Éden. (Muitos estudiosos da Bíblia acreditam que Gn 3.15 é a primeira referência Escriturística concernente a Cristo.) Depois o Deus Missionário enviou o seu único Filho para buscar e salvar o perdido: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). No texto bíblico citado diz que Deus deu Jesus ao mundo. O verbo “dar” neste sentido, não é meramente uma determinada pessoa abrir a mão e oferecer alguma coisa a outrem. Antes, é dar ou ofertar uma dádiva preciosa para alguém que não merece, sem impor o recebimento de alguma coisa em troca ou barganha. Foi exatamente o que Deus fez: ofereceu o seu Filho amado para resgatar o homem que se havia se afastado completamente dEle. David Livingstone foi quem disse: “Deus tendo um único Filho fez dele um missionário”. Para entender sobre missão é preciso partir deste princípio: Deus deu o seu Filho e o próprio Filho se deu para salvação dos eleitos.

Estudando as Escrituras Sagradas, entendemos, portanto, que Deus é um Deus Missionário. Ele enviou muitos missionários com tarefas específicas:

1. Deus enviou José para salvar Israel da fome: “Diante deles enviou um homem, José...” (Sl 105.17);
2. Deus enviou Ananias a Saulo: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista, e fiques cheio do Espírito Santo” (At 9.17);
3. Deus é quem manda trabalhadores para a Sua seara (Lc 10.2; Mt 9.37,38);
4. Deus enviou o seu próprio Filho para resgatar os pecadores arrependidos (Jo 3.16).

Quando olhamos para o Deus Pai só podemos vê-Lo como a única fonte da missão. De Deus procede e resulta a missão. É Deus quem, de fato, envia.

Deus tem compaixão do pecador: “Em toda a angústia deles foi ele angustiado” (Is 63.9);

Deus deseja que todos sejam salvos. O amor de Deus não conhece limites: “o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4);

Timóteo Carriker expressa:

“Portanto, ‘missão’ é uma categoria que pertence a Deus. A missão, antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra toda atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária. Se a missão é de Deus, então é dEle que a igreja deve depender na sua participação na tarefa. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de oração para a capacitação missionária, uma dependência confiante em Deus, em vez da independência característica da queda, do dilúvio, da torre de Babel e do próprio cativeiro. Por outro lado, se a missão é de Deus, temos a segurança de que é Deus quem está comandando a expansão do seu reino, nos seus termos, e isto nos dá plena convicção de que ele realizará os seus propósitos”.

Seguindo o esboço de Betty Bacon, o plano-mestre de Deus para a missão é:

1. Deus o elaborou “antes da fundação do mundo”: “... do cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8);
2. Deus o centralizou em Jesus Cristo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19);
3. Deus leva ao máximo da história mundial: “será pregado este evangelho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14);
4. Deus toma as iniciativas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.16,17);
5. Deus usa instrumentos para executar o Seu plano grandioso:
a) Todas as coisas (Sl 19.1-2);
b) A história e cultura de todos os povos (Am 9.7; At 17.26,27; Ap 21.24);
c) Seu Filho (Jo 3.16,17);
d) Seus servos (1Pe 1.21; Sl 68.11; Mt 21.15,16);
e) Sua Palavra (Jo 17.8; At 6.2; 2Tm 4.2).

Roger Greenway fazendo menção do missiólogo Francis M. Dubose, diz que o mesmo afirma que a figura bíblica do verdadeiro Deus é comparada à de um grande e contínuo “Enviador”. Assim, missão é a objetivação do propósito eterno e benevolente de Deus que se origina em seu ser e caráter. O Deus da Bíblia é um Deus missionário.

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.

Bibliografia:

A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

Carriker, Timóteo. Artigo: Teologia da Missão. Missio News, Revista de Missiologia Online. Volume 1 – Ano 1 – Abril de 2009.

Editora Cristã Evangélica. Missões, o Grande Desafio Continua. (Ano XXIV, Nº 2). São José dos Campos, SP.

Greenway, Roger. (2001). Ide e Fazei Discípulos. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.

Hoover, Thomas Reginald. (1993). Missões, o Ide Levado a Sério. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

Peters, George W. (2000). Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

2 comentários:

  1. Glórias a Deus, Luciano, por esta postagem abençoada. Continue firme trazendo palavras de Deus para o povo de Deus. Eu te agradeço muito. Irei referenciar sua mensagem em meu próprio site, onde todos os dias também posto a mensagem de Deus: www.jamaisdesista.com.br - grande abraço!

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    1. Querido Daniel, obrigado por ter deixado aqui a sua mensagem. Que Deus agracie o seu coração e continue usando a sua vida como instrumento de bênção!

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Comentários:

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