quinta-feira, 5 de abril de 2012

O PREPARO MISSIONÁRIO



INTRODUÇÃO:
O missionário é capacitado por Deus. Essa capacitação acontece com o passar do tempo, que fará com que ele, o missionário, obtenha êxito em seu ministério, caso contrário, será frustrado no campo. O missionário despreparado é como nuvens sem água impelidas pelos ventos; é como árvores em plena estação dos frutos, mas duplamente mortas e desarraigadas (Jd 12).
A preparação é um pilar indispensável na vida de todo obreiro. Na obra missionária o treinamento é imprescindível. Se desejamos um trabalho eficaz, economia de tempo e de dinheiro, precisamos de pessoas bem-treinadas. Por acaso, pode um homem fazer um trabalho de cirurgião, se antes não fizer um curso especializado? Claro que não. E assim também deve ser na vida do missionário; ele precisa buscar capacitação. E com certeza, a preparação de alguns é mais rápida do que de outros.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:
O missionário precisa se preparar para ir ao campo; podemos ver isto na vida do apóstolo Paulo, que sendo um homem culto e intelectual, foi ainda para o deserto se preparar. Ficou constatado através de uma pesquisa acurada feita por Ted Limpic, missionário da Sepal, junto a 24 organizações missionárias brasileiras que uma das causas principais do retorno antecipado dos missionários era a falta de “treinamento apropriado”. Observe que, a questão não é somente o “treinamento”, mas se o mesmo é “apropriado e correspondente”.
Analisemos o treinamento que Jesus ofereceu aos discípulos:

1. Jesus treinou pelo próprio exemplo. Os discípulos pediram a Jesus para que lhes ensinasse a orar, porque viram que Ele orava sempre (Lc 11.2).
2. Jesus treinou com abundante exibição das Escrituras (Lc 24.26,27, 44,45).
3. Jesus treinou deixando os discípulos presenciarem Seu próprio testemunho pessoal (Jo capítulos 3,4,9).

4. Jesus treinou dando missões deliberadas. As ordens eram específicas e definidas. (Mt 10.1-6; 28.18-20).

5. Jesus treinou usando relatórios e avaliações. Depois de executar a sua missão, os discípulos voltaram a Jesus para dar relatório. Então, receberam conselho pastoral necessário (Lc 10.17-20).
6. Jesus treinou dando instruções aos doze (Mt 10.5-15).
7. Jesus treinou admoestando os doze acerca do campo missionário (Mt 10.16-23).
8. Jesus treinou estimulando os doze a cumprirem cabalmente a missão (Mt 10.24-33).
9. Jesus treinou mostrando aos doze as dificuldades que iriam enfrentar no campo missionário (Mt 10.34-36).
10. E por fim, Jesus treinou mostrando aos doze as recompensas que irão receber das mãos do Deus Missionário (Mt 10.40-42).

A preparação do missionário se divide em algumas áreas e a mesma deve ser de conformidade com o campo a ser atingido:

I. ESPIRITUAL:
A pessoa que recebeu a chamada para missões precisa preparar-se para a tarefa, aprimorando-se espiritualmente e organizando a sua vida pessoal enquanto aguarda o momento determinado por Deus para partir rumo ao seu campo de trabalho. O êxito no ministério só será possível por meio de uma vida de oração.

1. Renúncia (Gn 12.1; Mt 16.24-26).
2. Sacrifício (Mt 10.38).
3. Obediência (Mt 7.24-27; Lc 19.17).
4. Piedade (1Tm 4.8; 5.4 e 2Pe 1.3,6,7).
5. Devoção (Rm 12.12).
6. Sinceridade (Rm 12.9).
7. Humildade (Mt 11.29).
8. Honestidade (Rm 12.17 e Fp 4.8).
9. Seriedade (Fp 3.12 e 2Tm 4.7).
10. Coragem (Js 1.9).
11. Otimismo (Rm 8.31-39).
12. Santificação (2Rs 4.9).
13. Jejum (Mt 17.21) e oração (1Ts 5.17).
14. Estudo bíblico (Js 1.8 e Sl 1.2); e etc.

II. INTELECTUAL:
Consideremos o vasto preparo intelectual de Moisés, Daniel e Paulo, e daí as façanhas e proezas deles registradas na Bíblia.

1. Conhecer bons livros e autores (At 17.28, citação tirada do poema fenômenos, do poeta Arato, séc. III a.C);
2. Estar atualizado dos acontecimentos mundiais;
3. Ter conhecimento da Constituição (Legislação), (At 22.25-30);
4. Conhecer a cultura e os costumes do campo para onde irá;
5. Localização geográfica;
6. Clima;
7. Moeda;
8. Alimentação;
9. Vestuário;
10. Língua (At 22.2);
11. Conhecimento secular (At 17.28; 1Co 9.24-26; 2Tm 2.5 e Mt 13.47-48);
12. Conhecimentos gerais (Pv 3.13);
13. Formação acadêmica (Cl 4.14);
14. Profissão (At 18.3; 20.34; 1Co 4.12 e 1Ts 2.9); etc.

III. PSICOLÓGICO:
O missionário não pode ser imbuído mais pela emoção ou mais pela razão. Não pode equivocar-se entre razão e emoção, mas deve dosá-las. Emoção e razão devem irmanar-se na vida missionária, para que sejam evitados extremismos. Assim como graça e conhecimento devem ser pesados iguais em uma mensagem, também a emoção e a razão devem andar juntas. Se o missionário não estiver preparado psicologicamente, irá sofrer um abalo emocional.

IV. FÍSICO:
Embora a Bíblia não fale nada contra o exercício físico ou ginástica, há obreiros que consideram tal atividade suspeita. Mas o corpo humano precisa de exercício como precisa de comida e sono.
O missionário precisa e deve cuidar da sua saúde (1Tm 4.16 e 5.23), pois dependerá de seu físico e energia para levar o Evangelho. Deste modo, a integridade física do missionário depende de pelo menos três agentes, são eles:

1. Alimentação adequada.
2. Exercícios físicos.
3. Descanso suficiente.

Quem recusar os exercícios físicos estará apressando a viagem ao cemitério. O exame médico é obrigatório na vida do missionário e, ai da igreja, que não incluir um exame completo para o candidato antes deste partir para o campo.

V. ECONÔMICO:
O missionário deve ir ao campo depois de ter levantado o sustento missionário que precisará na empreitada missionária. O mesmo deve usar seu dinheiro sábia e prudentemente. É importante dizer aqui que Deus é o nosso Provedor, mas que Ele usa indivíduos, igrejas e sociedades para prover as nossas necessidades.
Assim, o missionário deve estar associado à uma igreja local (Fp 4.14-15), viver contente em qualquer situação (Fp 4.11-12), confiar no Senhor (Fp 4.13), estar interessado não no dinheiro, mas no fruto que aumente o crédito da igreja (Fp 4.17).

O aspirante ao campo missionário deverá ter algumas características a serem observadas:
1. Submissão à liderança.
2. Participação efetiva nos trabalhos da igreja.
3. Zelo pela área de evangelismo local da igreja.
4. Contribuição para a visão missionária mundial de sua igreja.
5. Participação financeira na vida de outros missionários.
6. Algumas questões importantes ainda devem ser levantadas durante este período de preparação antes do envio do missionário ao campo:
7. Sendo casado ou casada, como anda seu relacionamento conjugal?
8. Se, solteiro, como tem lidado com sua vida afetiva?
9. Teria passado por experiências traumáticas na infância, adolescência ou mesmo na mocidade?
10. Os filhos estão preparados para ir? Se estão na adolescência, isto causaria um possível trauma?
11. Como anda a saúde física?
12. Têm acontecido momentos de depressão com certa regularidade?
13. Há constante desequilíbrio financeiro resultando no descumprimento de compromissos assumidos?
14. Há demonstração de equilíbrio entre as atividades “eclesiásticas” e o lazer?
15. Existe um círculo de amigos que esta pessoa faz questão de preservar?
16. O que diriam as pessoas que foram subordinadas ou superiores deste candidato?

É melhor não enviar ninguém do que colocar no campo missionário pessoas mal treinadas, sem chamado e sem apoio básico, espiritual e logístico de suas igrejas locais.

Segundo o estudo REMAP , uma taxa anual de 7% de missionários retorna antecipada e inevitavelmente do campo. As cinco causas principais são:

1. Treinamento inadequado.
2. Falta de compromisso.
3. Fatores pessoais – tais como amor próprio.
4. Tensões.
5. Problemas com colegas.

Nota-se que as causas mais importantes localizam-se em problemas de caráter e não na limitação das habilidades, as quais têm um grande impacto nos programas de treinamento brasileiros.

CONCLUSÃO:
Não podemos mandar crianças espirituais para o campo. Pelo contrário, devemos mandar os mais experientes e maduros na vida cristã. Deus quer para o ministério gente ocupada, não ociosa, mas com alto nível de capacitação. Um missionário bem treinado será mais bem-sucedido, eficaz e produtivo. Outro ponto importante a abordar aqui é o reconhecimento da igreja que é fundamental na seleção e no desenvolvimento de candidatos ao ministério. Para Temóteo Ramos de Oliveira as características de uma igreja que se propõe a cumprir a tarefa de evangelizar o mundo são:

1. Treinamento dos obreiros.
2. Conhecimento do campo missionário.
3. Dependência do Espírito Santo.

Diante de tudo o que falamos até aqui, a suma é: A igreja tem a obrigação de acompanhar o missionário, prestando-lhe apoio moral, espiritual e material.

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.




BIBLIOGRAFIA:

A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

Carriker, C. Timóteo. (1992). Missões na Bíblia, princípios gerais. São Paulo, SP: Vida Nova.

Engen, Charles van. (1996). Povo Missionário, Povo de Deus. São Paulo, SP: Vida Nova.

Murray, Andrew. (1999). A Chave do Problema Missionário. Camanducaia, MG: Editora Missão Horizontes.

Nasser, Antonio C. (2004). A Igreja Apaixonada Por Missões. São Paulo, SP: Abba Press.

Oliveira, Temóteo Ramos. (2006). Como Ser Um Missionário. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

Pino, Carlos del. (2004). O Evangelho Para O Mundo. Goiânia, GO: Editora Logos.

Prado, Oswaldo. (2001). Do Chamado ao Campo. São Paulo, SP: Editora Sepal.

Queiroz, Edison. (1998). Administrar Missões. São Paulo, SP: Vida Nova.

_____________ (1999). A Administração das Finanças na Obra Missionária. Curitiba, PR: Editora Descoberta.

_____________ (1999). O Melhor Para Missões. Curitiba, PR: Editora Descoberta.

_____________ (2009). A Igreja Local e Missões. São Paulo, SP: Vida Nova.

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