Em
meus 25 anos de ministério não foram poucas as vezes em que derramei lágrimas.
Para alguns, esta é uma confissão de fraqueza. Mas, se isso é verdade, agravo
minha confissão dizendo que, nos últimos anos, chorei bem mais do que nos
primeiros. Alguém poderia pensar que quanto mais experientes nos tornamos,
menos propensos a estas "fraquezas" ficamos. No entanto, não é assim
que tem acontecido em minha vida e ministério.
Talvez isso seja devido ao fato de que, nos primeiros anos de ministério, tinha uma visão superestimada de minhas potencialidades e conhecia bem pouco as minhas limitações. Na medida em que o tempo passa, tornamo-nos mais conscientes de que nossas potencialidades não são tão grandes quanto imaginávamos e descobrimos que nossas limitações são muito mais presentes em nossas vidas do que um dia consideramos.
Soma-se
a isso o fato de que, quando mais jovem, era movido por sonhos e pela esperança
de ver transformação efetiva nas pessoas, nos relacionamentos e nas
instituições. No entanto, à medida em que o tempo passa, entramos em contato
com uma realidade bem mais complexa do que um dia sonhamos. Essa realidade
conduz alguns a uma atitude de rendição e conivência, uns a um sentimento de
amargura, e outros às lágrimas da inconformidade.
Mas, diante da constatação de que as lágrimas têm estado cada vez mais presentes em minha experiência, resolvi fazer um balanço para verificar quais são as situações em que, mais constantemente, as lágrimas surgiram.
Em
primeiro lugar, disparado, se encontram as situações em que me deparei com
minhas próprias limitações como filho, irmão, marido, pai, amigo e,
principalmente, pastor. Não se trata de reconhecimento de erros, mas sim de
limitações e impotências. São situações que em concluí que não tenho como
corresponder as expectativas daqueles que me cercam, pois não tenho para
oferecer o que esperam de mim.
Em
segundo lugar, estão as circunstâncias em que topei com a ingratidão. Não estou
falando de qualquer tipo de ingratidão: tenho em mente aquela gerada em
relacionamentos pastorais nos quais depositei em conta tempo e esforço para
ajudar, apoiar, restaurar e reconduzir. No entanto, no momento em que
necessitei sacar um pouco de compreensão e amizade, descobri que não tinha
qualquer saldo.
Em
terceiro lugar, estão as situações em que me senti só. Por mais que existam
teorias e discursos que tentem nos convencer de que precisamos ter amigos ao
longo da caminhada para compartilharmos nossas dores e frustrações, é inevitável
que tenhamos que passar por momentos em que nos deparamos com a solidão. Isso
porque ninguém efetivamente conhece o peso e a responsabilidade de nossa
própria vocação.
Mas
se estes são os três momentos em que as lágrimas surgem em meus olhos mais constantemente,
como lido com eles e experimento algum tipo de encorajamento?
As lágrimas geradas pela consciência de minhas próprias limitações tem me levado à conclusão de que eu preciso de um redentor. Não são apenas as pessoas que me escutam domingo após domingo que precisam de um salvador. Eu também preciso! Se alguma coisa boa vai ser gerada a partir da minha vida é porque alguém me resgatou de minhas próprias limitações e me capacitou de forma extraordinária.
As
lágrimas geradas pela ingratidão tem-me levado a relembrar minha motivação
primária ao envolver-me em uma relação pastoral. As palavras de Jesus para
Pedro em João 21 foram: "Tu me amas? Então pastoreia minhas ovelhas".
Logo, preciso lembrar meu próprio coração que meu envolvimento pastoral tem mais
a ver com minha relação de amor com Jesus do que com a expectativa de
reconhecimento das pessoas.
Por
fim, as lágrimas derramadas pela solidão tem-me ensinado a conhecer a solitude.
Enquanto a solidão é um ambiente danoso para nossas vidas, ele pode nos
propiciar a rica experiência da solitude, na qual buscamos a Deus como a fonte
primária de nossas forças e de quem ouvimos a voz que nos reorienta e nos
restaura. Acima de tudo, se o bom e supremo pastor, enquanto homem, chorou,
porque eu, que nem sou bom, não deveria me dar o direito de chorar?
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