“O objetivo final e mais elevado da evangelização não é
o bem-estar dos homens, nem mesmo sua bem-aventurança eterna, mas a
glorificação de Deus.” R.B. Kuiper
Introdução:
Os
desafios missionários no mundo nunca foram tão grandes como na atualidade. Diante
do cenário missionário nacional e mundial, surgem algumas perguntas que exigem
respostas objetivas e práticas: Por que devemos fazer missões? O que motiva
pais entregarem seus filhos a missões? O que incentiva cristãos ofertarem
liberalmente para a obra missionária? O que leva crentes a orarem
incessantemente pelos missionários? O que impulsiona cristãos a largarem tudo
em prol da evangelização dos perdidos?
A motivação em missões
é fundamental, pois o missionário corre o risco de fazer o certo (pregar o
evangelho), mas com a motivação errada (dinheiro, fama, status, inveja, etc.).
Isto significa que não basta fazer a vontade de Deus, mas fazê-la de coração.
Warren Wiersbe disse acertadamente: “O coração de todo problema é o problema do
coração”. Deus requer o trabalho certo com a motivação certa. Pois uma coisa é
pregar o evangelho, outra é viver o evangelho. Uma coisa é definir o evangelho,
outra é ser definido pelo evangelho. Qual é a maior prioridade do missionário?
O perigo de nos convertermos em “Martas
ativistas”
Ao lermos Lc 10.38-42, observamos o perigo de nos convertermos em “Martas
ativistas”, isto é, o de desaprender o valor da perplexidade e contemplação
diante de Jesus. O perigo de nos envolvermos tanto em atividades que acabamos
negligenciando a nossa vida devocional. Precisamos praticar um tempo a sós com
Deus. O próprio Jesus se retirava para lugares solitários para orar.
A obra de Deus é importante, porém, o Deus da obra é mais importante ainda.
Maria escolheu a melhor de todas
as partes. A oportunidade de estar com Jesus e ouvir os seus ensinamentos eram
a essência que ela buscava. A comida é fundamental, mas a Palavra de Deus é
essencial. Marta poderia estar preparando a refeição de maneira
desnecessariamente elaborada. Maria, por outro lado, demonstrou visivelmente a
verdade que Jesus estava ensinando: adorá-lo é o mais importante. O fato é que
é possível desviar-se de Deus ao tentar servi-lo. Isto acontece quando estamos
com o Senhor, mas nossa conduta e obras estão voltadas para focos errados. Às
vezes, vemos pessoas engajadas na obra, porém frustradas espiritualmente porque
estão concentradas na obra e não no Dono da obra. A obra de Deus é importante,
porém, o Deus da obra é mais importante ainda. Antes de pedirmos a Deus para
nos usar, devemos pedir para Ele se revelar a nós! Não podemos deixar que o
ministério se torne um ídolo em nossas vidas.
O Deus da obra é mais importante do que
a obra de Deus
A
maior prioridade do missionário não é missões, mas o Deus das missões. Mais
importante do que a obra missionária é o Deus da obra missionária, o Senhor das
nações. Mais interessado do que naquilo que o missionário faz, Deus está
interessado naquilo que o missionário é. Comunhão com Deus precede trabalho
para Deus. Antes de fazer missões, o missionário primeiro precisa tratar o
coração. Deus quer trabalhar por intermédio do missionário, porém, antes quer
trabalhar no missionário. A única motivação capaz de mover, sustentar e
direcionar um missionário é a paixão pela glória de Deus.
A glória de Deus é a chama que acenderá
o ardor missionário no coração da igreja
A
paixão missionária pela glória de Deus é acompanhada pela paixão pelas pessoas
que, por ignorância e descrença, estão morrendo em seus pecados. Esta era a
paixão de Jesus em Lc 15, quando contou as parábolas da ovelha e da dracma
perdida e do filho rebelde. Esta paixão move missionários ao engajamento nas
obras que são designadas a trazer glória a Deus por meio da salvação dos
pecadores. O propósito maior da evangelização dos
povos é que esses povos todos glorifiquem a Deus e exaltem seu nome. O centro
da obra missionária da igreja não é o homem, mas o próprio Deus. Há júbilo
diante dos anjos de Deus, no céu, por um pecador que se arrepende.
O centro da obra missionária da igreja não é o homem, mas o próprio Deus.
Resumindo...
Podem existir motivos errados escondidos
nas mentes dos mais sinceros missionários.
Fazer missões não dá lucro, fazer missões não enriquece, fazer missões não dá
fama; fazer missões só dá prazer, mas só dá prazer para quem ama a glória de
Deus.
Se nos falta paixão pelos perdidos é
porque antes nos falta paixão por Cristo. A paixão missionária pela glória
de Deus é acompanhada pela paixão pelas pessoas que estão morrendo em seus
pecados.
Urgência: Jesus disse
“Ide e fazei discípulos”. Um professor de grego bíblico disse que a palavra
traduzida como “ide” no grego original está numa forma que expressa uma grande
urgência. O que Jesus estava dizendo, então, era: “Vamos logo! Não percam
tempo! Multipliquem-se até que pessoas de todas as nações, raças, tribos e
línguas me conheçam e me sigam!”
O
alvo final de missões: o desejo de
que Deus seja adorado e sua glória conhecida entre todos os povos da terra.
Conclusão:
Desejo
concluir com quatro pontos:
Primeiro: Erradamente, muitas
igrejas e denominações se autoproclamam pensando estar proclamando o evangelho.
Anunciam mais suas logomarcas, programas, templos, presidentes, diretores,
ministérios de música e pregadores, como se estivessem evangelizando. A maior
barreira para a evangelização é a má compreensão a respeito do evangelho.
Evangelizar é proclamar as boas novas de salvação única e exclusivamente em
Cristo.
Segundo: Engajar-se na
missão de Deus pressupõe primeiro conhecer a Deus. Muitos "missionários" deveriam estar estudando a Bíblia e não
pregando. É inadmissível um “missionário” sem bagagem bíblica.
Terceiro: Ronaldo Lidório disse que a missão maior da igreja é
glorificar a Deus (1Co 6.20), ou seja, é preciso nos desglorificar para, de
fato, glorificar a Deus em nossa vida diária. O missionário deve pregar Cristo, e não a si mesmo.
Quarto: Somente olhando para a glória de Deus é que entenderemos os
mártires, as lutas, os sacrifícios e a vitórias. Essa foi a motivação deles e
essa deve ser a nossa motivação: a glória de Deus.
Nos laços do
Calvário que nos une,
Luciano Paes
Landim.
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