quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Deus é Missionário


“O Espírito de Cristo é o espírito de missões, e quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais intensamente missionários devemos nos tornar.” Henry Martin

O Antigo e o Novo Testamento mostram que Deus é um Deus que envia. Ele enviou profetas, apóstolos e anjos, e finalmente Ele enviou seu Filho unigênito (Hb 1.1-4). A própria existência das Escrituras dá testemunho do fato que Deus estende a mão em amor a seu mundo caído. Sendo assim, a obra missionária é, inicialmente, um trabalho do Deus Trino: “... batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19, grifo nosso). Deus é um Deus de coração missionário.
Com relação às obras da Trindade no plano da redenção, podemos dizer, nas palavras do teólogo reformado Charles Hodge, que

“o Pai envia o Filho, e o Pai e o Filho enviam o Espírito. O Pai opera através do Filho, e o Pai e o Filho operam através do Espírito”.

Ainda quanto à obra da redenção, ele continua:

“há algumas ações predominantemente atribuídas ao Pai, outras ao Filho, e outras ao Espírito. O Pai cria, elege e chama; o Filho redime; e o Espírito santifica”.

Sendo o Deus Trino o verdadeiro Autor da missão, houve um plano preparado na eternidade para ser conduzido historicamente e ser realizado em várias partes, reciprocamente distribuídas pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. O Pai enviou o Filho. O Filho executou o plano. E o Espírito Santo aplica aos eleitos os benefícios da redenção conquistados por Jesus na cruz (Jo 6.44 e 14.6).
William J. Larkin Jr. nos lembra que:

“A narrativa de Lucas apresenta cada pessoa da Divindade como ‘enviador’, comissionando e promovendo a missão. Cada pessoa da Trindade é também um ‘enviado’, um agente missionário bem como um participante trabalhando por meio dos agentes humanos”.

Missio Dei – Missão de Deus

As Escrituras Sagradas são claras e objetivas quando mostram que Deus está interessado na humanidade caída e vai ao seu encontro. O ser humano pós-queda não deu um passo sequer em direção a Deus. Deus é quem vem ou providencia seus enviados como mediadores, procuradores. Deste modo, o conceito de Missio Dei deve ser entendido como a origem, a motivação e o modelo de missão que está centrado em Deus e em sua natureza.
George W. Peters cita Douglas Webster:

“Nós começamos, então, onde a missão começa: com Deus”.

Peters continua:

“Apenas tal declaração faz justiça à alegação bem sustentada de Georg F. Vicedom de que a missão é Missio Dei”.

Ou seja, a missão é um dos atributos pessoais de Deus. Isto significa que do início ao fim a missão cristã é a Missão de Deus, e não do homem. Assim, há a necessidade desesperada de que se busque uma teologia de missão que não seja antropocêntrica ou eclesiocêntrica (ou agenciocêntrica), mas teocêntrica. Missão é uma obra essencialmente de Deus.
A universalidade do plano e da mensagem de Deus começa a aparecer em Gn 1.26-30. Como disse Thomas Reginald Hoover:

“Há muitas referências ao plano universal de Deus no Antigo Testamento, mas as poucas que temos considerado demonstram além de qualquer dúvida que o Deus do Antigo Testamento é um Deus Missionário”.

Vemos em Gênesis, pela primeira vez, que Deus é um Deus Missionário: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Deus foi o próprio Missionário ao se auto-enviar e anunciar a boa notícia no Éden. Depois o Deus Missionário enviou o seu único Filho para buscar e salvar o perdido: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). No texto bíblico citado diz que Deus deu Jesus ao mundo. O verbo “dar” neste sentido, não é meramente uma determinada pessoa abrir a mão e oferecer alguma coisa a outrem. Antes, é dar ou ofertar uma dádiva preciosa para alguém que não merece, sem impor o recebimento de alguma coisa em troca ou barganha. Foi exatamente o que Deus fez: ofereceu o seu Filho amado para resgatar o homem que se havia se afastado completamente dEle. Para entender sobre missão é preciso partir deste princípio: Deus deu o seu Filho e o próprio Filho se deu para salvação dos eleitos.
Estudando as Escrituras Sagradas, entendemos, portanto, que Deus é um Deus Missionário. Ele enviou muitos missionários com tarefas específicas:

1. Deus enviou José para salvar Israel da fome: “Diante deles enviou um homem, José...” (Sl 105.17);
2. Deus enviou Ananias a Saulo: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista, e fiques cheio do Espírito Santo” (At 9.17);
3. Deus é quem manda trabalhadores para a Sua seara (Lc 10.2; Mt 9.37,38);
4. Deus enviou o seu próprio Filho para resgatar os pecadores arrependidos (Jo 3.16).

Quando olhamos para o Deus Pai só podemos vê-Lo como a única fonte da missão. De Deus procede e resulta a missão. É Deus quem, de fato, envia.
Deus tem compaixão do pecador: “Em toda a angústia deles foi ele angustiado” (Is 63.9);
Deus deseja que todos sejam salvos. O amor de Deus não conhece limites: “o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4);

Timóteo Carriker expressa:

“Portanto, ‘missão’ é uma categoria que pertence a Deus. A missão, antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra toda atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária. Se a missão é de Deus, então é dEle que a igreja deve depender na sua participação na tarefa. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de oração para a capacitação missionária, uma dependência confiante em Deus, em vez da independência característica da queda, do dilúvio, da torre de Babel e do próprio cativeiro. Por outro lado, se a missão é de Deus, temos a segurança de que é Deus quem está comandando a expansão do seu reino, nos seus termos, e isto nos dá plena convicção de que ele realizará os seus propósitos”.

Seguindo o esboço de Betty Bacon, o plano-mestre de Deus para a missão é:

1. Deus o elaborou “antes da fundação do mundo”: “... do cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8);
2. Deus o centralizou em Jesus Cristo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19);
3. Deus leva ao máximo da história mundial: “será pregado este evangelho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14);
4. Deus toma as iniciativas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.16,17);
5. Deus usa instrumentos para executar o Seu plano grandioso:
a) Todas as coisas (Sl 19.1-2);
b) A história e cultura de todos os povos (Am 9.7; At 17.26,27; Ap 21.24);
c) Seu Filho (Jo 3.16,17);
d) Seus servos (1Pe 1.21; Sl 68.11; Mt 21.15,16);
e) Sua Palavra (Jo 17.8; At 6.2; 2Tm 4.2).

Roger Greenway fazendo menção do missiólogo Francis M. Dubose, diz que o mesmo afirma que a figura bíblica do verdadeiro Deus é comparada à de um grande e contínuo “Enviador”. Assim, missão é a objetivação do propósito eterno e benevolente de Deus que se origina em seu ser e caráter.

Missio Christi – Missão de Cristo

Quando olhamos para o Deus Filho, encontramos a realização plena da Missio Dei. A missão de Jesus no mundo foi buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). Jesus é o Missionário do Pai. Jesus veio ao mundo como resultado de um comissionamento divino. Assim, a missão de cada cristão na Terra é a de viver e pregar o Evangelho (Mc 16.15). E à semelhança do próprio Jesus, ninguém tem o direito nem de se auto-comissionar, tampouco, igrejas e organizações missionárias, podem se colocar como meras “recrutadoras”, sem que antes haja provas incontestáveis e exigentes da vocação divina. O chamado de Deus é irreversível e irresistível. É Deus quem seleciona, escolhe, chama, capacita, sustenta e exige. Na obra missionária não entramos sem ser chamados e dela não conseguimos sair quando somos chamados.
Deus deu o Filho e Jesus se deu a si mesmo para a salvação dos pecadores, então, podemos falar que a missão (mandato, incumbência, ministério) é a obra de Deus dada à Igreja que, seguindo o modelo de Cristo, proclama e anuncia por palavras e ações o Reino de Deus, avocando a todos ao arrependimento e conversão e a ter fé em Cristo, enviando-os a serem discípulos dEle.
O significado é este: Jesus harmonizou sua própria missão auferida do Pai com a missão que Ele deu aos seus discípulos, quando disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).
É importante observarmos a ordem dos “envios” nesta passagem. Primeiro, o Filho de Deus foi enviado pelo Pai, o que torna Jesus o primeiro e Divino Missionário. Ele, por sua vez, enviou seus discípulos, tornando-os missionários do Evangelho.
As ações de Jesus, durante todo o seu ministério, tiveram um caráter missionário. Consequentemente, missão é a efetivação histórica em favor de toda a humanidade através da encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Como afirmou Greenway:

“Os Evangelhos retratam Jesus como o Messias Missionário”.

Missio Spiritu Sancti – Missão do Espírito Santo

Quando olhamos para o Espírito Santo vemo-Lo como a força motriz da Missio Dei.
Edison Queiroz assevera:

“Biblicamente, o Espírito Santo está intimamente ligado com a obra missionária”.

Continua:

“Infelizmente, hoje em dia há algumas igrejas que não entendem o propósito da vinda do Espírito Santo e desenvolveram uma teologia segundo a qual o Espírito Santo é dado simplesmente para nos ajudar a receber bênçãos – e não para servir a Deus, como é o propósito original. Não podemos aceitar essa dicotomia entre o Espírito Santo e a obra missionária. Se estudarmos a doutrina do Espírito Santo à luz dos propósitos de Deus, vamos descobrir que o Espírito Santo veio para ajudar o cristão a ter uma vida vitoriosa e assim ser instrumento de Deus para espalhar a glória divina através da salvação de outras vidas”.

Só existe missão de acordo com Deus e com a Bíblia, se o Espírito Santo estiver no comando. O Espírito é indispensável à obra missionária. Missão é a realização prática da obra do Espírito Santo neste mundo em nome do eterno propósito de Deus e da aplicação efetiva da salvação em Cristo Jesus a todo o indivíduo que crê. O Espírito Santo é o principal protagonista da missão da Igreja. Ele é o diretor de todo o empreendimento missionário. Ele é o verdadeiro Evangelista. Sem Ele a obra de missão é impossível. É Ele quem unge o mensageiro. Quem confirma a Palavra, prepara o ouvinte e convence o pecador. Em tudo isso a preocupação do Espírito Santo é glorificar Jesus Cristo.
Em Atos 1.8 tem-se o entendimento da Pessoa e o trabalho do Espírito Santo como sendo altamente missionário em caráter e propósito: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Ele é um Espírito Missionário que deseja trazer de volta para casa os filhos perdidos de Deus. At 1.8 não é uma ordem e sim uma declaração indicativa, explicando que, após serem cheios do Espírito Santo, os discípulos iriam ser levados a testemunhar da sua fé em todos os lugares do mundo.

Missio Ecclesiae – Missão da Igreja

A Igreja, em Pentecostes, pronta e espontaneamente se torna “missionária em sua essência e coração” ao ser batizada pelo Espírito Santo. Por conseguinte, o Espírito e a missão não podem ser separados. O Espírito Santo preserva e cuida do fruto missionário. Portanto, o missionário precisa aprender a confiar no Espírito Santo, desde o princípio e ao longo de seu ministério. Isto significa dependência e suficiência total no Espírito.

Deste modo, esta é a missão do Deus-Trino. Deus Pai enviou o Deus Filho, o Deus Pai e o Deus Filho enviaram o Deus Espírito Santo, e as três Pessoas, como um só Deus, enviaram a Igreja ao mundo. Ou seja, Deus escolhe, capacita, envia e produz os resultados da missão. Logo, a missão da Igreja (missio ecclesiae) não tem vida própria, mas como enviada tem o privilégio de participar da Missão de Deus.
Robson Rosa Santana cita Vicedom:

“não cabe à Igreja decidir se ela quer fazer missão, mas ela só pode decidir se quer ser Igreja”.

A tarefa missionária da Igreja é parte do decreto de Deus, no qual é convocada a participar, se realmente quer ser Igreja. Isso não coloca os crentes ou a Igreja como centro da missão. Nem o homem, nem a Igreja, nem as agências missionárias são protagonistas na salvação. Toda a obra da redenção se inicia e se completa no Deus Trino. Logo, não o bem-estar ou glória humana, nem a expansão da Igreja é o principal objetivo da missão, mas a glória de Deus, porque o seu Ser e o seu Caráter são o fundamento da missão: “pois dele, e através dele, e para ele são todas as coisas, a ele pois a glória eternamente. Amém” (Rm 11.36). A missão da Igreja é a continuação da missão de Jesus. A missão do cristão é glorificar a Deus e proclamar o Evangelho, porque os frutos são acendidos pelo Senhor. Deus elege, o crente anuncia. A Igreja tem vocação missionária. Vocação que começa em Abraão. Não é a partir da Grande Comissão (Mt 28.18-20) que começa a responsabilidade da Igreja. É a partir da vocação de Abraão que, segundo a promessa de Deus, tanto seria abençoado como seria uma bênção para outras nações: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei... sê tu uma bênção... em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).
Doriana Maria de Carvalho refere-se a Gn 12.1-3, em paralelo com Mt 28.18-20 (a Grande Comissão no Novo Testamento), como a Grande Comissão no Antigo Testamento. Doriana esboça assim essa interpretação bíblica da missão:

1. Deus apresenta três promessas pessoais e específicas a Abraão:
a) “Sai... para a terra que te mostrarei.” (posse);
b) “de ti farei uma grande nação.” (promessa de uma posteridade);
c) “te abençoarei o nome, te engrandecerei.” (privilégios);
2. Deus exige responsabilidades: “Sê tu uma bênção.” (Gn 22.16-18): “e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.”
a) Obediência;
b) Fé.
3. Deus faz duas promessas de poder a Abraão:
a) “Abençoarei os que te abençoarem” (os que colaborassem com Abraão estariam colaborando com Deus, portanto, seriam também abençoados);
b) “e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (o contrário);
4. “Em ti serão benditas todas as nações (famílias) da terra” (bênçãos espirituais a toda etnia da terra).

A missão deve ser vista como um atributo de Deus. É no próprio Ser e Caráter de Deus que a base mais profunda do esforço missionário é encontrada. Não conseguimos refletir sobre Deus exceto em termos que compelem à ideia missionária. Deus é um Deus de coração missionário. O propósito final da missão é glorificar a Deus, de tal modo que uma multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas possam declarar o louvor e a honra, a glória e o poder de Deus por toda a eternidade. Portanto, Deus está no centro da missão. Ele é o alvo da missão. A missão existe para a glória de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.

Bibliografia:
Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.

CARRIKER, C. Timóteo. O Caminho Missionário de Deus - uma teologia bíblica de missões. Brasília, DF: Editora Palavra, 2005.

___________________. A Visão Missionária na Bíblia – uma história de amor. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2005.

Carvalho, Doriana Maria. (2003). Teologia Bíblica de Missões. Faculdade Teológica de Brasília (apostila).

Bosch, David J. (2002). Missão Transformadora, mudanças de paradigma na teologia da missão. São Leopoldo, RS: Editora Sinodal.

Editora Cristã Evangélica. Missões, o Grande Desafio Continua. (Ano XXIV, Nº 2). São José dos Campos, SP.

Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. (2000). Miniaurélio Século XXI, o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Editora Nova Fronteira.

Greenway, Roger. (2001). Ide e Fazei Discípulos. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.

Hoover, Thomas Reginald. (1993). Missões, o Ide Levado a Sério. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

Macedo, Aproniano Wilson. (1998). Teologia de Missões. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.

Padilla, C. René. (2009). O Que é Missão Integral? Viçosa, MG: Editora Ultimato.

Peters, George W. (2000). Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro, RJ: CPAD.

Pino, Carlos del. (2004). O Evangelho Para O Mundo. Goiânia, GO: Editora Logos.

Queiroz, Edison. (1998). Administrar Missões. São Paulo, SP: Vida Nova.
_____________ (2009). A Igreja Local e Missões. São Paulo, SP: Vida Nova.

Revista Educação Cristã. (Volume X). A Igreja Local e Missões. Santa Bárbara D’Oeste, SP: SOCEP.

Winter, Ralph D. & Hawthorne, Steven C & Bradford, Kevin D. (Editores). (2009). Perspectivas no Movimento Cristão Mundial. São Paulo, SP: Vida Nova.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Restaurando o Ardor Missionário

Uma convocação urgente ao fervor espiritual


O conteúdo deste artigo foi originalmente proferido pelo autor na II Conferência Teológica Para Pastores e Líderes da Associação Evangélica Pastores Amigos, realizada no dia 21 de junho de 2011, na Missão Vida em São Sebastião/DF, com o tema: “Restaurando o Ardor Missionário”. Portanto, o texto é fruto de uma transformação e adaptação do conteúdo para melhor assimilação e identificação. Almejamos colaborar para a conscientização e capacitação missionária da igreja.

Texto Bíblico: Ap 3.14-22


“Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve:
Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”


Antes de falar sobre a igreja de Laodiceia é necessário definir as palavras que formam o título desta mensagem: “Restaurando o Ardor Missionário”.

O que significa restauração? Restaurar significa consertar, reparar, reformar, voltar à originalidade, voltar ao primeiro amor. Se falamos sobre “Restaurando o Ardor Missionário”, logo, pressupõe-se que já houve o ardor missionário, porém, que foi perdido. A nossa oração é para que Deus restaure esse ardor na vida daqueles que o já tiveram e que o coloque no coração daqueles que nunca tiveram.

A segunda palavra é ardor. Ardor significa intensidade, brasa, paixão e energia. Quando se fala em paixão pelas vidas sedentas da Palavra de Deus não se refere ao sentido das ondas do mar que vem e passam. Porém, no sentido da paixão que Jesus teve. Tamanha paixão que o levou à cruz do Calvário.

E a terceira palavra é missionário. A palavra “missionário”, deriva do latim, tem o mesmo sentido básico do termo grego “apóstolo” (enviado). Missionário é toda pessoa que está empenhada com o anúncio do Evangelho. É o agente autorizado da igreja, antes por Deus, e por ela enviado a proclamar a mensagem do Evangelho. Oswald Smith disse: “Cada coração com Cristo é um missionário e cada coração sem Cristo é um campo missionário” . Portanto, missionário é todo aquele que se converteu ao Senhor Jesus, e campo missionário é toda pessoa que não conhece a Jesus.

O texto que acabamos de ler faz parte do livro de Apocalipse. Segundo Ronaldo Lidório, a palavra “apocalipse”, em português, evoca um sentido escatológico, relacionado com as “últimas coisas” (eschatos). Em inglês, “revelation”, dá-nos a ideia de “descoberta”, “revelação”. Entretanto, em grego, “apokalypses” significa “trazer à tona o que está encoberto”.

Observemos o contexto em que vivia a igreja de Laodiceia:
Para corrigir a igreja de Laodiceia, Jesus levou em conta o contexto em que a mesma vivia. A igreja de Laodiceia era uma igreja sem propósito e sem espiritualidade. Não era uma igreja fervorosa. Era uma igreja que não tinha compromisso. De todas as cartas às igrejas da Ásia, esta é a mais severa. Em momento algum Jesus elogiou a igreja de Laodiceia . Mas isso não quer dizer que Ele não a amava.
Laodiceia, localizada no vale do rio Lico, próxima à atual Denizli, era uma cidade abastada e possuidora de terras férteis ao seu redor. Foi fundada em 250 a.C., por Antíoco da Síria, apesar de que ela só veio a ter mais importância aí por volta de 196 a.C. E esse nome Laodiceia vem do fato de que a cidade foi criada e fundada em homenagem à esposa dele, Laódice. Laodiceia significa “justiça para o povo”. A população era composta de nativos da Ásia Menor, mas havia uma grande população de sírios e judeus que tinham sido trazidos por Antíoco II desde a Babilônia para povoarem a região, quando ele criou aquele assentamento. De modo que a presença judaica era forte, poderosa e intensa. Tinha um enérgico comércio e uma posição privilegiada e elevada no sentido financeiro. Nos tempos romanos, era a cidade mais rica da Frígia , vastamente conhecida por seus estabelecimentos bancários, sua escola de medicina e sua indústria têxtil . Era o lar dos milionários. Orgulhosamente recusou a ajuda de Roma quando foi devastada por um terremoto em 60 d.C. Distava 160km de Éfeso, e 80km de Filadélfia, no encontro de três estradas importantes. Possuía teatros, um estádio e um ginásio equipado com banhos. No entanto, perdia para as cidades vizinhas em outras áreas. Sua principal fraqueza era a falta de bons suprimentos de água. Não havia nela suprimentos de água; esta vinha de uma fonte que ficava a certa distância e, provavelmente, chegava a seu destino morna, através de pequenos canos de barro. Estava localizada entre duas grandes e conhecidas cidades da região: Hierápolis e Colossos.

Hierápolis ficava ao norte. Conhecida em toda região por suas fontes de águas quentes, sobre as quais se dizia possuírem poderes medicinais e terapêuticos, usadas por pessoas com problemas ósseos, reumáticos, respiratórios e tantos outros. Era um lugar de cura e terapia para o corpo.

Colossos ficava ao sul. Era ainda mais conhecida, pelas suas fontes de águas frias, uma espécie de oásis, no verão, para onde as multidões afluíam. Na entrada da cidade havia uma inscrição com os dizeres: Lugar de refrigério.

Jesus desejava que a igreja de Laodiceia fosse quente ou fria. Fria como a água de Colossos (que tivesse a função de refrigério) ou quente como a água de Hierápolis (que tivesse a função terapêutica de trazer alívio aos aflitos). Contudo, a igreja de Laodiceia era tépida. Era como sua água: morna. “A água morna e barrenta causava vômito”, é intragável. A igreja de Laodiceia tinha a cara da cidade. Ela perdera o seu ardor (3.16-17), seus valores (3.17-18), sua visão (3.18b) e suas vestimentas (3.17-22). Em vez de transformar a cidade, a igreja tinha se conformado a ela. Assim como a cidade era transigente, a igreja se tornou. Os crentes de lá não tinham entusiasmo e eram de caráter débil, comprometidos com o mundo. Eram orgulhosos com sua prosperidade e de simulação religiosa. Desandou-se a ser uma igreja anêmica e mortiça.
É fato a carta não mencionar perseguições romanas, problemas com os judeus ou dificuldades com falsos mestres. Porém, era uma igreja acomodada e nominal. Estava tomada pela indiferença. Tornou-se morna e apática. Faltavam fervor e ardor espiritual. Devemos buscar, hoje, luz para a nossa mente e fogo para o nosso coração.
Diante disto, surgem algumas perguntas: Como restaurar o ardor missionário? Como atender a convocação urgente ao fervor espiritual? Como ser uma igreja terapêutica?

Em primeiro lugar, devemos tratar o nosso coração para depois nos envolvermos na missão. O versículo 15 diz: “Conheço as tuas obras...”. O texto utiliza a expressão “erga” para obras. “Erga” se refere a atos puramente pessoais. Não se trata de grandes realizações ou façanhas, mas da rotina da vida diária. Ou seja, Jesus está dizendo que nos conhece por dentro. Aqui fica evidente a seriedade e importância do caráter cristão. O “ser” sobrepõe-se ao “ter” e ao “fazer”. Ronaldo Lidório disse: “O caráter precede a missão”. Jesus está expondo que conhece a nossa rotina fora do templo. Está afirmando que julga a nossa vida além das máscaras, que conhece o nosso caráter inteiro e completamente. Caráter é como somos de fato, mesmo quando ninguém está por perto. Já reputação é como os outros nos vêem, independentemente de como somos. Muitos têm uma boa reputação, mas um péssimo caráter. Outros têm uma péssima reputação, talvez manchada pelos outros, porém têm um bom caráter. Outros têm um péssimo caráter e uma péssima reputação. E ainda outros têm um bom caráter e uma boa reputação. O fato é que Deus não se impressiona com nossos ministérios e obras. O que Ele espera de nós é santidade e fidelidade. Espera caráter e verdade, ao invés de resultados e reputação.
Diante de Cristo as nossas máscaras, hipocrisias e aparências caem por terra. A maquiagem pode até esconder alguns dos nossos defeitos diante dos outros, porém, jamais os encobre diante de Deus. Se preciso for, façamos uma cirurgia plástica para corrigir as nossas imperfeições com o Grande Cirurgião: Jesus. Não podemos viver de aparências, nem mesmo de “sucesso”, mas de sacrifício, de constância e de nova vida em Cristo. Deus não nos chamou para o “sucesso”, mas para a fidelidade e santidade ao Senhor. Jesus nos conhece em casa, no trabalho, na escola, na faculdade e na rua. Como Alfredo dos Santos Oliva disse: “Podemos passar um verniz de crente em nossas vidas e até convencer as pessoas de que somos supercrentes, mas não vamos conseguir enganar a Deus, que tudo vê e tudo conhece”.
Antes de orarmos ou ofertamos, e até mesmo pregarmos o Evangelho é necessário sermos tratados pelo Evangelho. A Palavra de Deus é pregada principalmente pelo testemunho de vida. Francisco de Assis disse aos seus discípulos: “Vão e preguem o Evangelho, e se possível falem”. Ou seja, pregue com a vida e depois se der, pregue com os lábios. Sendo assim, a Bíblia nos conduz a tratarmos o coração antes de nos envolvermos na obra missionária.

Em segundo lugar, devemos deixar de ser indiferentes. O versículo 15 diz: “... que nem és frio nem quente...”. Jesus expressa um desejo para o presente: “gostaria que fôsseis”. O Mestre está dizendo aqui que sabe quando somos pessoas espiritualmente indiferentes. A indiferença espiritual é pior do que a frieza. Uma igreja indiferente é uma igreja que vive de aparência. É uma igreja que causa náuseas em Jesus. Dá ânsia de vômito. Água morna é repulsiva, serve somente para ser cuspida fora. A igreja indiferente é morna. A igreja morna é aquela que cede com o mundo e, em procedimento, se assemelha à sociedade ímpia ao seu redor. Professa o cristianismo, mas, na realidade, é espiritualmente “desgraçada e miserável” (vv. 17,18). Seus membros são hipócritas que professam conhecer a Cristo, mas que não pertenciam verdadeiramente a Ele. A mornidão é a religião daqueles que “pensam” que tudo vai bem, quando na verdade está tudo errado. Deus exige atitudes integrais e sinceras. Algo aquém disso faz crer que outras coisas têm maior primazia que o relacionamento com Ele.
A igreja de Laodiceia não estava oferecendo nem refrigério para o cansaço espiritual nem cura para o doente espiritual. Ou seja, era uma igreja indolente e acomodada. Devemos ter cuidado para não nos tornarmos uma igreja assim. A igreja de Laodiceia era totalmente ineficaz, inútil e, assim desagradável ao Senhor. Era repulsiva e prejudicial aos propósitos do Senhor. Foi uma igreja que desapareceu. Da cidade só restam ruínas. Quando o texto sagrado diz no versículo 16 “vomitar-te”, expressa, originalmente, “rejeitar com desgosto”.
Uma igreja que não faz o que é errado, mas que também não faz o que é certo, para a glória de Deus, está fora de foco. A igreja deve buscar intimidade com Deus e olhar para dentro de si e para o mundo que está ao seu redor. É preciso fazer a obra de Deus pelas motivações certas.

Em terceiro lugar, devemos entender que a nossa suficiência vem de Cristo. O versículo 17 diz: “pois dizes: Estou rico e abastardo e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. Jesus está dizendo aqui que sabe quando somos pessoas espiritualmente arrogantes. A autoconfiança e segurança da igreja de Laodiceia eram definitivamente falsas. Acomodação espiritual estava acompanhada de orgulho espiritual nesta igreja. Era uma igreja mundana. Os crentes da igreja de Laodiceia consideravam-se ricos, porém, eram espiritualmente pobres. Pensavam que não precisavam de nada. Viviam uma ilusão que alimentavam a respeito de si mesmos. De tão envolvida e submergida com as coisas materiais, essa igreja não reconhecia a sua verdadeira situação. O pecado do orgulho a transformava em uma igreja estéril, sem vida. Os crentes laodicenses diziam arrogantemente: “A nossa riqueza é devida ao nosso próprio esforço”. Eles não tinham a capacidade de distinguir entre prosperidade material e espiritual. Caíram no engano de que a prosperidade exterior é a medida de sua prosperidade espiritual. E não é diferente hoje. Muitas igrejas pensam que porque são ricas estão cheias do avivamento de Deus. Ledo engano. Existem igrejas pobres materialmente, porém, cheias da presença de Deus e igrejas ricas materialmente, contudo, vazias de Deus.
A autossuficiência desta igreja ao demonstrar “não preciso de nada...”, configurava a sua grande soberba e ao mesmo tempo seu próprio drama. Era uma igreja que amava o dinheiro, coisa esta que trazia falsa autossatisfação e cegava-a de maneira que a impedia de ter consciência de sua condição. Ela estava orgulhosa do seu ouro, roupas e colírio. Mas era pobre, nua e cega. Os seus membros pensavam que sua religião ia bem, todavia, eram mendigos apesar de seus bancos, cegos apesar de seus pós frígios e nus apesar de suas fábricas de tecidos. São mendicantes porque não têm como comprar o perdão de seus pecados. São nus porque não têm roupas apropriadas para se apresentarem diante do Rei dos reis. São cegos porque não conseguem enxergar a sua pobreza espiritual. Como disse George Ladd: “Os médicos frígios talvez ajudassem as pessoas em sua cegueira física; mas somente Cristo pode curar os olhos dos que são cegos espiritualmente”. A palavra “miserável” indica uma pessoa que é colocada como objeto de extrema piedade, digna de dó. A palavra “nu” pode significar insuficientemente trajado.
A igreja de Laodiceia precisava entender que sua suficiência vinha de Cristo. Precisava ser restaurada e avivada espiritualmente para que abandonasse sua mornidão e passasse a ser uma fonte a jorrar e a transbordar para os outros. Uma igreja restaurada missionariamente é como uma fonte de água viva. Só é possível restaurar o ardor missionário quando se compra de Cristo, roupas, colírio e ouro (conferir v. 18): roupas da justiça e da santidade, colírio para abrir os nossos olhos e nos fazer discernir e ouro que é o Reino de Deus. Ou seja, Cristo nos conclama a deixarmos de confiar em nossos bancos, em nossas fábricas e em nossa medicina e passar a confiar completamente Nele.

Em quarto lugar, devemos repensar a nossa espiritualidade. O versículo 18 diz: “Aconselho-te que compres de mim...”. Jesus apresenta-se aqui como um mercador. Seus produtos são essenciais: ouro, vestes e colírios. Seu preço é de graça. Jesus também nos chama hoje para uma conversa sobre nossa espiritualidade. A vida da igreja só pode vir de Cristo. A igreja não pode gerar avivamento por si mesma. Somente o Espírito Santo o pode. O corpo é comandado pela cabeça. Autossuficiência não existe na vida do cristão. Sem o Espírito Santo a capacidade humana é estéril. Deus não procura talentos, mas entrega. O desejo Dele não é de nos tornar máquinas de produção missionária, mas filhos autênticos, pessoas que tem missão como estilo de vida, algo natural, vívido e permanente.
Quando Jesus diz: “...que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas” (v. 18), está se referindo aos três grandes orgulhos de Laodiceia: riquezas financeiras (ouro), próspera indústria têxtil (vestes) e grande avanço na medicina (colírio). Contudo, nem todo o progresso econômico, cultural ou científico do mundo pode ser comparado com a riqueza do verdadeiro relacionamento com Deus (Os 12.8; Mt 6.19,20; Lc 1.53). A verdadeira riqueza está em Deus. Uma igreja restaurada missionariamente é uma igreja vestida de vestes brancas (santidade), onde sua vergonha não é exposta. Uma igreja em que foi restaurado o ardor missionário tem a visão de Deus, e não a visão humana. É uma igreja que tem vida em Deus, espiritual e não mundana e materialista.

Em quinto lugar, devemos mudar de vida. O versículo 19 diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo...”. Jesus nos corrige quando trilhamos o caminho de uma espiritualidade descomprometida. Ele nos chama a uma mudança de vida. Ele não desiste da igreja, pelo contrário, demonstra misericórdia ao repreendê-la e discipliná-la. Sua atitude em relação à igreja não era punitiva, mas disciplinadora e corretiva. Cristo chama os cristãos complacentes, negligentes, inertes, indiferentes e coniventes com o mal a mudarem de vida. Ele corrige a quem ama: “porque o Senhor corrige a quem ama...” (Hb 12.6). A pedra precisa ser lapidada para brilhar. A igreja de Laodiceia precisava arrepender-se, ou seja, dar as costas à religiosidade de aparências, de faz de conta, de mornidão. A igreja que ainda não teve uma experiência profunda de ser amada por Deus não pode curar as feridas das pessoas aflitas e assoladas. Experiência profunda com Deus é característica de uma igreja missionária. Experiência com Deus não é experiência mística, mas serviço a Deus e ao próximo. É obediência às Escrituras. Assim, hoje, devemos nos arrepender de nossa mornidão e passarmos a ter zelo pela glória de Deus. Cristo ainda nos convida para que nos arrependamos e sejamos restaurados a uma posição de fé, justiça e comunhão (v. 18,19).

Em sexto lugar, devemos buscar uma profunda comunhão com Deus. O versículo 20 diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. Aqui não se trata de um texto evangelístico, para pecadores se arrependerem. Trata-se de um convite à igreja, para ter comunhão com Jesus. Aqui Jesus nos convida para uma relação de intimidade. No mundo antigo, era costume entre os judeus compartilhar uma refeição como sinal de confiança, afeição, intimidade e lealdade. O contexto dessa passagem revela uma admoestação explícita e direta aos crentes que se iludem com suas próprias conquistas e aquisições ou com uma religiosidade formal, e abandonam o leal relacionamento com Cristo e o dedicado amor ao próximo.
Observe que Cristo, o Senhor da igreja, está do lado de fora. A igreja não tem comunhão com ele. Isso nos faz pensar na história do menino Paulinho. Ele tinha dez anos de idade. Era órfão de pai e tinha seis irmãos. Todos os dias ele ia trabalhar de engraxador de sapatos para ajudar nas despesas da casa. Ele era assíduo na igreja e sempre adorava a Deus com suas finanças. Um dia Paulinho trabalhou bastante e se atrasou para ir à sua igreja. Portanto, decidiu entrar na igreja mais próxima do lugar em que estava. Colocou a sua caixa de engraxar sapatos na porta do templo, entrou e ficou no primeiro banco para ouvir melhor a pregação e entregar a Deus a contribuição daquele dia de trabalho. De repente, os diáconos daquela igreja o tiraram dali e o colocaram lá fora chamando-o de moleque sujo e nojento. Paulinho sentou-se na caixa de engraxar sapatos e começou a chorar por ter sido expulso da igreja. Então, de repente, apareceu um homem, também chorando, e perguntou ao garoto: “Paulinho, por que você está chorando?” Ao que o menino respondeu: “Estou chorando porque eu fui expulso da igreja”. Paulinho perguntou ao homem: “E você, por que também está chorando? Como você sabe o meu nome, quem é você?” O homem respondeu: “Eu sou Jesus, e estou chorando porque também fui expulso desta igreja; porque eles cantam, oram e pregam para si mesmos”.
Essa história também se repete em muitas igrejas. Elas cantam, oram e pregam para si mesmas. São ególatras. Expulsam Jesus para que elas mesmas sejam “estrelas” e “reinem”. A simplicidade do culto do Novo Testamento se perdeu e a prática da pregação está em franca decadência nos dias atuais. Pregadores não estão pregando a Bíblia, mas milagres (ao invés do Deus de milagres, antes, o Deus Redentor), promoção e atividades das igrejas (ao invés do Senhor da igreja), e filosofias e psicologias do mundo secular (ao invés do Evangelho).
O convite no versículo 20 é para um relacionamento pessoal com Cristo. É um convite para cear. Jesus nos convida para uma profunda comunhão com Ele, para adorar a Deus. Esta adoração precisa ser constantemente alimentada pela intimidade com Deus. Adoração que exige exclusividade: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22). Adoração que não se restringe a uma localidade: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai” (Jo 4.20,21). Adoração como estilo de vida: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24).

Portanto, podemos dizer que:
A visão de Laodiceia sobre si mesma estava errada. Ela pensava ser rica e era pobre, pensava ter visão e era cega. Era uma igreja sem missão, com as mãos fora do arado. Pensava que era viva, porém, estava morta. Precisava de vigor espiritual.
Ainda, hoje, Jesus está convocando para que os cristãos mundanos e transigentes da igreja voltem e desfrutem a plena comunhão com Ele.
Novamente, como Cristo estava procurando entrar na Igreja de Laodiceia, que leva o seu nome, mas que não contava com um único crente sequer, está também buscando entrar em nossas igrejas. É necessário tão somente reconhecer a nossa falência espiritual e responder com fé salvadora. Deus tem avivamento para sua igreja!
George Ladd disse: “Se os laodicenses tratarem seus olhos com o colírio que Cristo oferece, sendo então capazes de reconhecerem seu estado de pobreza e cegueira, então não será tarde demais para substituir a indiferença por zelo, arrependendo-se”.
Para restaurar o ardor missionário é preciso que a igreja trabalhe no desenvolvimento e treinamento de líderes servos que sejam verdadeiros exemplos de espiritualidade fervorosa e comprometida. Somente uma igreja quebrantada e santa cumprirá a vontade do Senhor.
Para restaurar o ardor missionário é preciso que a igreja estimule os membros da igreja a manter uma vida de intimidade diária com Jesus, através do estudo da Bíblia e oração.
Para restaurar o ardor missionário é preciso que a igreja estimule o serviço amoroso aos necessitados da igreja local e da comunidade externa.
Que Deus, o Senhor da missão, restaure em nós o ardor missionário, para que sejamos uma igreja fervorosa espiritualmente, pois Deus nos faz, hoje, uma convocação urgente ao fervor espiritual.

Nos laços do Calvário que nos une,
Pastor Luciano Paes Landim.

Pontos Para Discussão:
1. Defina com suas próprias palavras o título do livro “Restaurando o Ardor Missionário”.
2. Em grego, qual é o significado da palavra “apokalypses”?
3. Descreva com suas próprias palavras o contexto em que a igreja de Laodiceia vivia.
4. Como você se define espiritualmente: avivado ou morno?
5. O autor cita Ronaldo Lidório: “O caráter precede a missão”. O que você entende por isso?
6. O que você entende quando o autor diz: “Autossuficiência não existe na vida do cristão. A capacidade humana é estéril sem o Espírito Santo. Deus não procura talentos, mas entrega. O desejo Dele não é nos tornar máquinas de produção missionária, mas filhos autênticos, pessoas que tem missões como estilo de vida, algo natural, vívido e permanente”.
7. Defina o que é uma igreja restaurada missionariamente.
8. Segundo o autor, qual a diferença entre “caráter” e “reputação”?
9. Poderia destacar alguns ensinamentos adquiridos na leitura deste livro?
10. Dentre estes qual você destacaria como o principal? Por quê?
11. Gostaria de descrever alguma experiência sobre este assunto?

Bibliografia:
Barro, Jorge Henrique (Org.). Uma Igreja Sem Propósitos. São Paulo, SP: Editora Mundo Cristão, 2004.
Bíblia de Estudo de Genebra. Edição Revista e Ampliada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
Bíblia de Estudo NVI, org. geral Kenneth Barker. São Paulo, SP: Editora Vida, 2003.
Bíblia Shedd, ed. responsável Russel Shedd. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2009.
Fábio, Caio. O Apocalipse das Igrejas. São Paulo, SP: Abba Press, 2009.
Ladd, George. Apocalipse, introdução e comentário. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2007.
Lidório, Ronaldo. Restaurando o Ardor Missionário. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2007.
Lopes, Hernandes Dias. Apocalipse, o futuro chegou. São Paulo, SP: Editora Hagnos, 2005.
Rienecker, Fritz & Rogers Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo, SP: Editora Vida Nova, 1995.

domingo, 26 de agosto de 2012

Espelhos Que Refletem a Glória de Deus


Esboço de Sermão

2 Co 3.18

Introdução:
1. Refletindo a glória do Senhor:
a) Significa experimentar a sua presença, o seu amor, a sua justiça e o seu poder através da oração e do Espírito Santo, quando permanecemos Nele e na sua Palavra.
b) Isto resulta em sermos transformados à sua semelhança (Cl 1.15; Hb 1.3).
c) Na presente era, essa transformação é progressiva e parcial. Quando, porém, Cristo voltar, nós o contemplaremos face a face, e a nossa transformação será completa (1 Jo 3.2; Ap 22.4).
2. Contexto imediato: 2 Co 3.12-18.
3. Contexto remoto: Êx 34.29-35.

Divisões:

I. “todos nós”:
a) Aquilo que, no AT, aconteceu com Moisés passa a ser, agora, no NT, um privilégio de todo o povo de Deus.
b) Não somente Moisés, ou os profetas, apóstolos e pregadores, mas todos os cristãos.
c) Uma experiência característica dos crentes da nova aliança é descrita aqui.

II. “com o rosto desvendado”:
a) Na nova aliança, os cristãos não têm nada mais obstruindo a visão deles de Cristo e sua glória, como revelado na Escritura.
b) Diferente de Moisés (v. 13).

III. “contemplando, como por espelho”:
a) A ênfase de Paulo aqui não é tanto na qualidade de reflexão do espelho, mas na observação exata que ele possibilita. Uma pessoa pode colocar um espelho na frente do seu rosto e ter uma imagem desobstruída. Na época de Paulo, os espelhos eram metais polidos, e, portanto, ofereciam um reflexo muito aquém do perfeito. Embora a visão não esteja obstruída e seja familiar, os cristãos não veem uma representação perfeita da glória de Deus agora, mas a verão um dia (1Co 13.12).
b) Ou “refletindo” (como em um espelho). Moisés cobria o seu rosto com o véu a fim de esconder a glória que desvanecia. Paulo permanecia descoberto diante das pessoas com o rosto desvendado, sabendo que a glória da nova aliança nunca iria diminuir, mas somente aumentar. Do mesmo modo, os crentes agora se mostram desembaraçadamente diante do mundo, “refletindo” na própria vida a glória de Cristo. Longe de manifestarem glória temporária, os crentes refletem uma glória sempre crescente à medida que são transformados progressivamente à semelhança de Cristo.

IV. “a glória do Senhor”:
1. Essa glória refletida do Senhor não é algo que os cristãos só experimentam passivamente.
2. Pelo contrário, eles refletem a glória de Cristo como um exercício que é ativo e que coincide com o processo da santificação.

V. “somos transformados”:
a) Uma transformação contínua e progressiva (Rm 12.2).
b) “Transformados”: Mudar a realidade interior para outra diferente.
c) As outras aplicações dessa palavra grega no Novo Testamento se referem à transfiguração de Cristo (Mt 17.2; Mc 9.2), e à contínua transformação dos crentes pela renovação de suas mentes (Rm 12.2).

VI. “de glória em glória”:
a) De um nível de glória a outro nível de glória – de um nível de manifestação e Cristo a outro.
b) Esse versículo descreve a santificação progressiva. Quanto mais os cristãos crescem no conhecimento de Cristo, mais ele se revela na vida deles (Fp 3.12-14).

VII. “na sua própria imagem”:
a) Enquanto contemplam a glória do Senhor, os cristãos são, de maneira contínua, transformados à semelhança de Cristo. O objetivo final do cristão é ser como Cristo, e na medida em que ele concentra-se continuamente em Cristo, o Espírito o torna cada vez mais à imagem de Cristo.
b) Uma referência ao crescimento da pessoa ao longo de sua vida à semelhança de Cristo. Trata-se de um crescimento moral e espiritual que Paulo chamou de “a crescente glória”. Os crentes estão sendo restaurados a uma semelhança cada vez maior à imagem de Deus, imagem essa que foi desfigurada na queda de Adão.

VIII. “como pelo Senhor, o Espírito”:
1. Como Moisés se voltou para Deus, assim nós nos voltamos para o Senhor e derivamos dele nossa glória mediante a operação do Espírito Santo (ver v. 17).
2. “Toda a nossa transformação é operação do Senhor no Espírito e por meio dele”.
3. Paulo conclui dizendo que todos os crentes refletem a glória do Senhor quando são transformados na sua imagem.

Conclusão:
1. 2 Co 3.18 (Nova Bíblia Viva): “E todos nós, no entanto, não temos um véu sobre nosso rosto e podemos ser espelhos que refletem claramente a glória do Senhor. À medida que o Espírito do Senhor trabalha dentro de nós, somos transformados com glória cada vez maior, e tornamo-nos mais e mais semelhantes a ele.”
2. O próprio Cristo é a glória de Deus na plenitude do seu fulgor (Hb 1.3); dele é a glória eterna que não desvanece, a qual tinha com o Pai antes de haver mundo (Jo 17.5).
3. Nós, que cremos, somos feitos participantes dessa glória ao sermos paulatinamente transformados na semelhança de Cristo.
4. Sejamos espelhos que refletem a glória do Senhor em casa, na escola e faculdade, no trabalho, na rua e no mundo inteiro.

Bibliografia Consultada:
Bíblia de Estudo de Genebra. Edição Revista e Ampliada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
Bíblia de Estudo NVI, org. geral Kenneth Barker. São Paulo, SP: Editora Vida, 2003.
Bíblia Shedd, ed. responsável Russel Shedd. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2009.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mais Dez Livros Que Você Deve Ler Antes de Morrer!

Dando continuidade a relação de livros que você deve ler antes de morrer, veja abaixo mais dez livros que influenciaram ricamente a minha vida e ministério. Sugiro a leitura dos mesmos como sendo imprescindíveis. Lembrando que, a Bíblia é a única verdade de Deus, e, portanto, deve ser leitura obrigatória antes de qualquer outra.

- Cristianismo Básico (John Stott).
- A Mortificação do Pecado (John Owen).
- O Ateísmo Cristão e Outras Ameaças à Igreja (Augustus Nicodemus).
- A Evangelização e a Soberania de Deus (J.I. Packer).
- Confissões (Santo Agostinho).
- O Que Jesus Espera de Seus Seguidores (John Piper).
- Como Obter o Máximo da Palavra de Deus (John MacArthur).
- Cristianismo Sem Cristo (Michael Horton).
- O Pastor Aprovado (Richard Baxter).
- A Família da aliança, (Harriet Van Groningen - Gerard Van Groningen).

Para ver a primeira lista, utilize este link: http://www.lucianopaeslandim.blogspot.com.br/2012/08/dez-livros-que-voce-deve-ler-antes-de.html

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.

Polícia paquistanesa prende menina de 11 anos por blasfêmia

22 ago 2012 Paquistão

Uma multidão muçulmana ameaçou atear fogo nas casas dos cristãos que moram próximos à capital Islamabad. Testemunhas cristãs afirmam que a garota levada sob custódia é portadora de Síndrome de Down e que, portanto, não teria feito nada propositalmente

A confusão toda aconteceu na última sexta-feira (17), quando uma garotinha de 11 anos foi vista carregando um saco de lixo com páginas do Alcorão para fora de casa. A atitude da menina incitou a ira de uma multidão de muçulmanos que resolveu chamar a polícia para que uma providência fosse tomada.

Sob a pressão dos manifestantes e a partir do argumento de que a menina profanou o livro sagrado do Islamismo, os oficiais a levaram presa, acusada de blasfêmia. Jornais locais informaram que, por causa de uma necessidade especial, a menina não conseguiu responder apropriadamente as questões feitas por oficiais durante um interrogatório.

Paul Bhatti, ministro paquistanês para a Harmonia Nacional, prestou depoimento à emissora britânica BBC, e disse acreditar que a jovem possui distúrbios mentais. Para ele, “é improvável que ela tenha profanado o Alcorão propositalmente”.

Extremistas islâmicos ameaçaram atear fogo nas casas dos cristãos que vivem na região. Segundo autoridades locais, os pais da criança foram colocados sob custódia policial para se protegerem de ameaças; mais de 600 cristãos já abandonaram seus lares na periferia de Islamabad com medo da violência.

Atualizações sobre o caso
Segundo a agência de notícias France Press, o investigador de polícia Zabhiullah Abbasi afirmou que Rimsha, como foi identificada, deve ficar em detenção provisória até o dia 25 de agosto quando, então, irá comparecer diante de um tribunal para ser acusada de blasfêmia.

O mesmo policial declarou ainda que a menina é analfabeta, mas considerou, com base em um exame médico realizado depois de sua prisão, que ela não apresentava problemas mentais. Já o diretor de uma organização que representa as minorias paquistanesas, Tahir Naveed Chaudhry, declarou que Rimsha tem Trissomia 21, como também é conhecida a Síndrome de Down.

De acordo com a imprensa local, nesta segunda-feira (20), o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, solicitou para o ministério do Interior um relatório sobre o ocorrido.

Ore pelos cristãos presos por causa da lei da blasfêmia
No Paquistão, onde a população é majoritariamente muçulmana, a blasfêmia pode ser legalmente punida com morte. É o caso de Salman Taseer, muçulmano de mente liberal, ex-governador da província de Punjab, que foi assassinado por seu guarda pessoal, porque agiu em defesa de Asia Bibi, cristã condenada por falar de Jesus a suas colegas de trabalho.

Shahbaz Bhatti, ministro federal e único cristão no gabinete paquistanês, foi morto por se opor à lei da blasfêmia. Nos últimos anos, foram registrados 45 acusações por blasfêmia; dessas, 43 pessoas foram mortas em execuções extrajudiciais.

Informe-se sobre como ajudar na causa da Igreja perseguida. Ao ler o livro Cristãos Secretos, você descobre o que acontece quando muçulmanos se convertem a Cristo.

Redação: Ana Luíza Vastag

Fonte: BBC, AFP e outras agências

Link: http://www.portasabertas.org.br/noticias/2012/08/1675496/


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Dez Livros Que Você Deve Ler Antes de Morrer!

Com frequência, em sala de aula, alunos me pedem dicas de livros que os ajudem no crescimento espiritual/teológico. Por isso, publico hoje o que chamo de “Dez Livros Que Você Deve Ler Antes de Morrer!”. É uma breve lista de obras que influenciaram ricamente minha vida e ministério. Sugiro-a na certeza de que os amantes dos livros serão forjados poderosamente em direção ao céu.

Estou ciente de outros livros (que não são poucos) que devemos ler antes de morrer. Todavia, resolvi selecionar apenas 10. Sei também que lerei muitos outros que poderão entrar na minha lista dos 20, 30, 50, 100...

Ah, obvia e evidentemente, devido a Bíblia ser o livro de Deus, o livro que é sobre todos os livros, a inspirada, inerrante, autoritativa e suficiente Palavra de Deus, não entra nesta lista, pois a mesma é tão singela que deve ser meditada dia e noite. Ela é singular, única e incomparável. Todavia, os autores listados abaixo são escritores comprometidos com a Bíblia:

- As Institutas da Religião Cristã – João Calvino.
- O Cristo Incomparável – John Stott.
- Alegrem-se os Povos – John Piper.
- O Único Deus Verdadeiro – Paul Washer.
- O Evangelho Segundo Jesus – John MacArthur.
- Escândalo – D. A. Carson.
- Pregação e Pregadores – Martin Lloyd-Jones
- Introdução à Pregação Reformada – Paulo Anglada
- Eleitos de Deus – R. C. Sproul
- O Crente no Mundo de Deus – Cornelius Plantinga, Jr.

Obs: Os livros não estão necessariamente na ordem de importância de leitura.

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.



Ser Cristão


Imagem - Charles Spurgeon (01)


Imagem - Pregação (01)

Imagem Missionária (01)


domingo, 12 de agosto de 2012

Eu Tive o Melhor Pai do Mundo!


No segundo domingo de agosto é comemorado o dia dos pais. Uma solenidade justa e importante que celebra o respeitável papel que os pais exercem na família. O saudoso Rev. Abel Pereira Corte disse que uma família sem a presença do pai é uma família insegura. Realmente, isso é verdade. O meu pai partiu para encontrar-se com Jesus há dez anos. Uma lacuna foi deixada em minha família. Mas, acredito que o Rev. Abel referia-se aos lares onde os filhos não são criados com a presença marcante dos pais que ainda vivem. Sei que o lugar que o meu pai deixou ficará pra sempre. Todavia, alegro-me em saber que o meu pai terreno está neste momento com o meu Pai celestial.

O importante mesmo é os pais cumprirem com o seu papel e serem homens que fazem a diferença como Jó, que era íntegro (Jó 1.8), que cultivava a amizade entre os seus filhos (Jó 1.4), velava constantemente pela vida espiritual dos seus filhos (Jó 1.5), intercedia pelos filhos (Jó 1.5) e perseverava na oração pelos filhos (Jó 1.5).

Muitos homens que escalaram o auge da fama fracassaram em uma das partes mais importantes da vida: a paternidade. Nenhum sucesso indeniza a frustração da família. Segundo a Bíblia, nenhum sucesso traz alegria e júbilo maior do que ver os filhos ajustados, ditosos e unidos. Para Deus, todo sacrifício é válido na educação dos filhos no caminho do Evangelho.

As Sagradas Escrituras falam aos pais: “Vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). É papel do pai sempre acalmar os “ânimos” do filho, criá-lo na fé e na educação cristã.

A Bíblia também fala aos filhos de maneira que os mesmos devem honrar os pais para que sejam prósperos (filhos) e tenham vida longa: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois é justo. Honra a teu pai e a tua mãe [que é o primeiro mandamento com promessa], para que te vá bem, e seja de longa vida sobre a terra” (Ef 6.1-3).

Mas, o que quero realmente expressar aqui é a minha gratidão a Deus por ter me dado o melhor pai do mundo! Alguém que mesmo não conhecendo, inicialmente, o Evangelho, educou os filhos na honestidade e lealdade. Que depois de ter conhecido a Palavra de Deus melhorou a atenção e carinho pelos filhos. Acredito que um pai como esse todo mundo quer ter. Foi um guerreiro que lutou pela sobrevivência. Deixou o nordeste e veio com a esposa e filhos para tentar uma nova vida em Brasília. Foi um exemplo para todos nós mostrando-nos que nunca devemos desgostar da vida, mas que precisamos lutar até o fim. Com a vinda para Brasília as coisas mudaram e melhoraram. No início teve muitas dificuldades, mas com muita fé e coragem lhe foi possível criar e educar os filhos.

O meu saudoso papai encontrou-se eternamente com Jesus no céu no dia 18 de maio de 2002. Partiu para deixar muitas saudades e boas lembranças. Pouco antes de morrer disse-me que não estaria deixando muita coisa de herança para os filhos, a não ser uma casa para terminar de construir e algumas “doenças hereditárias”... rsrsrsrs... (algo que levaremos sempre em nossos corpos, como marca do maior pai do mundo!), mas que nos ensinou coisas que nos fariam grandes campeões.

Aconselho a todos os filhos, que ainda tem pai, que o honre de todo o coração e que lhe sejam obedientes e amorosos.

Fica aqui o meu parabéns a todos os pais!

E obrigado meu Deus por ter-me dado o melhor pai do mundo: Edmar Paes Landim.

Nos laços do Calvário que nos une,
E no amor Daquele que é o nosso Pai Celestial,
Rev. Luciano Paes Landim.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Afeganistão

Os cristãos no Afeganistão que falam sobre sua fé enfrentam violência e ameaças de morte. Mas apesar de todos os perigos, o cristianismo continua a crescer

A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja

O Cristianismo chegou ao Afeganistão nos primeiros séculos da era cristã. Por volta de 400 d.C., já havia um bispo instalado na cidade de Herat. A partir do século XIV, através do conquistador Emir Timur, deu-se inicio à erradicação do cristianismo. A Igreja afegã sofreria também sob outros governos, como o soviético (que comandou o país de 1978 a 1992) e o Talibã (1996-2001). Após assumir o governo do país em 1996, o Talibã impôs duras restrições a outras religiões, proibindo conversões, liberdade de culto e evangelismo. Outro grupo que sofreu sob o governo teocrático do Talibã foi o das mulheres, que foram impedidas de frequentar as mesquitas e de ir à escola, acentuando ainda mais o alto nível de analfabetismo no país.

A perseguição

A Constituição afirma que o Islamismo é a religião oficial do país e que os seguidores de outras religiões têm o direito de professar sua fé e praticar seus ritos e cultos abertamente, desde que dentro dos limites impostos pela lei islâmica (Sharia). Como na maior parte dos países islâmicos, os sunitas são maioria também no Afeganistão, onde os xiitas compõem a segunda maior seita islâmica e o restante da população é dividido entre cristãos, hindus, Bahá’ís e outras seitas oriundas do islamismo.

A conversão de um muçulmano a outra religião é considerada apostasia, sendo punível com a morte em algumas interpretações da lei islâmica no país. O código penal não define apostasia como crime e a Constituição proíbe a punição por crime não definido no código penal, que, no entanto, afirma que os crimes graves, incluindo a apostasia, seriam punidos de acordo com a Hanafi, jurisprudência religiosa, e manipulados por um procurador-geral do escritório. Cidadãos do sexo masculino com idade acima de 18 e do sexo feminino acima de 16 anos, de mente sã, que se converteram a outra religião que não o islã, têm até três dias para se retratar de sua conversão, ou serão sujeitos a morte por apedrejamento, à privação de todos os bens e posses e à anulação de seu casamento. O mesmo acontece quando o individuo é acusado do crime de blasfêmia.

Sobre a conversão de muçulmanos a outras religiões, especialmente ao cristianismo, o embaixador afegão nos EUA disse que a Constituição do país garante a liberdade religiosa e a lei Sharia não entra em conflito com as leis do país. Ele disse tambem que é preciso levar em conta que a sociedade afegã é muito conservadora. “O governo só não deseja que os princípios de outras religiões dominem o país”.

História e Política -Talibã

Localizado no sul da Ásia, entre a Ásia Central e o Oriente Médio, o Afeganistão foi ao longo de sua história uma rota percorrida por muitos conquistadores, como Alexandre, o Grande, e Gengis Khan, devido à sua posição estratégica na região. Seu conjunto cultural e linguístico é formado pela língua, cultura e religião de povos vizinhos (Paquistão, Índia, Irã, China, Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão), sendo, dessa forma, influenciado pelas culturas grega, persa e hindu. Após sua independência da Grã-Bretanha, em 1919, o Afeganistão passou por pelo menos três tipos de governo: autocracia monárquica (1929-1973), regime comunista (1978-1992) e estado teocrático (1996-2001).

Quando chegou ao poder, em 1996, o Talibã estabeleceu o Emirado Islâmico do Afeganistão, que tinha como principal objetivo político-religioso a implementação da lei islâmica, Sharia. Dessa forma acreditavam conseguir uma unidade nacional e um estado de paz permanente, após anos de guerra civil. Atualmente o sistema de governo adotado pelo Afeganistão é o de República Presidencialista.

População

A população do Afeganistão é de aproximadamente 30 milhões de habitantes. O país é composto por alguns grupos étnicos (turcomanos, uzbeques, tadjiques e hazaras) com práticas linguísticas e culturais diferentes, sendo o principal deles o pashtun, um grupo sunita que representa hoje 42% da população e se localiza ao sul e leste do país. O grupo radical nacionalista islâmico Talibã se origina dessa etnia. A maioria dos xiitas são membros do grupo étnico hazaras, que compõem 1/5 da população do país, tradicionalmente segregada do resto da sociedade por uma combinação de fatores políticos, étnicos e religiosos, alguns dos quais resultaram em conflitos.

Os hazaras acusaram o governo de dar tratamento preferencial aos pashtuns e a outras minorias, ignorando, sobretudo a etnia hazara. O governo fez esforços significativos para enfrentar tensões históricas que afetam a comunidade hazara. Xiitas geralmente são livres para participar plenamente da vida pública. Com as reformas do governo, os hazaras ganharam acesso às universidades, aos empregos públicos e a outras atividades e direitos, sendo que, antes, lhes era negado até o direito de ser alfabetizados.

Economia

A economia do país é baseada na agricultura. O governo afegão tem tentado mudar a cultura de plantio e comércio da papoula (entorpecente que tem tornado milhares de cidadãos dependentes químicos e, ao longo dos anos, financiado as ações do Talibã) para o de outras culturas, como feijão e milho, além de receber doações em grãos e dinheiro de outros países e de ter como principais parceiros comerciais os países vizinhos. Devido à destruição gerada pelas seguidas guerras civis, o país é um dos mais pobres do mundo, com um alto nível de analfabetismo, sendo extremamente dependente de doações externas.

Fonte: http://www.portasabertas.org.br/cristaosperseguidos/perfil/afeganistao/

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